António Paiva







Breve ensaio ao nascimento


algo se inicia sem nome,
na gestação de vocábulos de amor,
metáforas de vida letra a letra,
tomando forma no venturoso ventre.




o ser de fibras moldadas em fogo brando,
abre clareiras de júbilo na carne do mesmo poema.
um corpo ávido de vida embalado pelo silêncio,
um silêncio liso na harmonia de uma alma alva e nua.

pulsa e respira em tão silenciosa frescura.
ah Primavera viva!
unida à terra onde o fruto madura,
e rompe e rasga a prodigiosa ventura,
qual magna lava do vulcão.




e há então um choro primeiro,
não de sofrimento ou de mágoa,
mas sim um rumor vivo ingénuo e livre,
talvez um primeiro pedido – de amor incondicional.


agora os tenros lábios acariciam o seio materno.


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