José Manuel Aparício



Bellum Cantabricum 

Para quem aprecia novelas históricas.

Resumo e apreciação da obra pelo leitor: Jesús Losada Barrena, a que eu me atrevi, dada a curiosidade sobre a obra, a traduzir.

Desconheço se esta obra se encontra à venda em Portugal, mas com estas "coisas" da internet, é fácil adquirir via web.

Bellum Cantabricum é uma novela histórica, escrita por José Manuel Aparicio Hernández, da editorial Edhasa. Narra a conquista das Astúrias e Cantábria, por parte de Roma no ano de 26 a.C e das dificuldades que tem que viver o protagonista Sekeios, um mercenário autêntico que luta por Roma e se vê obrigado a desertar, caindo prisioneiro dos Cántabrios.

A história inicia e promete, desde as primeiras páginas, fidelizar o leitor a ler tudo, de um só trago. No meu caso, e devido a problemas de vista, preferi degustá-la em pequenos sorvos, como se degusta um excelente vinho, como se tivesses pena de o terminar. Os acontecimentos históricos são conhecidos, o que desconheces é a trama e os brilhantes desenlaces dos mais diversos e ricos personagens poliédricos que dão corpo e vida à novela.

É uma novela riquíssima em descrições de lugares e estratégias militares, tanto dos conquistadores com o seu poderio portentoso das legiões romanas, como dos indomáveis montanheses conquistados que resistem numanticamente numa epopeia que surpreende até os próprios romanos.

As paisagens que retenho vivamente na minha memória são múltiplas, porém, destaco sobretudo:

O diálogo mantido no acampamento romano pelo Imperador Augusto com Marcelo e Tibério, por ser uma delícia. Uma lição magistral de ciência política própria dos filósofos clássicos da Ágora Romana.

O assédio do povo cantábrico chamado Aracillum, são páginas nas quais encorajas o coração ao comprovar como um povo é capaz de lutar até à exaustão antes de render-se e dobrar-se ao inimigo.

Quero mencionar um personagem repugnante, o príncipe cantábrico Arquio, um ser abjeto e depreciável, miserável até à náusea. Um personagem sem escrúpulos, candidato a governar o seu povo, um verme a que se deseja o pior. Até ele me manteve sentado, colado ao livro para descobrir do seu destino na novela.  

Os outros personagens da trama estão, fina e elegantemente, ligados e direcionados, tanto nos seus corpos como nas suas almas. Os acontecimentos de uma situação tão dramática alcançam o melhor e o pior de cada um deles. As paixões e o comportamento humano constituem em si mesmos uma fina urdidura em que a luta pela dignidade e pela sobrevivência contra a força e  a irracionalidade mantém o leitor em suspense. É a luta pela liberdade face à tirania. É o destino do homem!

Existem situações terríveis que te põem os pêlos em pé, nas quais os personagens estão dispostos a chegar ao limite para atingirem o que pretendem. 

Quanto ao final, parece-me uma verdadeira obra mestra, própria de um maestro que domina as artes narrativas. 




Este autor tem uma outra novela histórica, a saber-se Banderizzos

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