Filipe Chinita







Dia de Espiga


ramo de quinta-feira de espiga
assim lhe chamamos
antes de mais
três espigas
para que
pão haja
todo
o
ano
(e)
três ramos de oliveira
para que o azeite
indispensável
complemento
não nos
falte
três brancos malmequeres
para que perdure
a paz
(e)
outros tantos amarelos
para que nos calhe – já agora –
algum dinheirinho
três papoilas vermelhas
como desejo
de felicidade
e alegria
de
viver








Sobre o autor: 
Filipe Jorge Marques Chinita das Neves
Nasço em 11 de Novembro de 1955, na freguesia de nossa senhora do bispo, Montemor-o-Novo. Cresço na aldeia/vila de Escoural onde meus pais já viviam. Volto ao grande pátio da quinta dos pretos onde nasci, entre Montemor e Lavre, na adolescência. Estudo no colégio mestre de aviz, mas cresço entre proletários agrícolas. Escoural, Montemor e Évora constituem o triangulo entre o qual sou alentejano e me faço homem.
Habilitações: Antigo sétimo ano do liceu.
Anos 70 Curso de dois anos no Instituto de Ciências Políticas de Moscovo, de Ciência Política, Economia, Filosofia e Psicologia Social Marxistas. Curso de jornalismo e rádio no mesmo Instituto. Escrita e locução de programa de rádio interno, em língua portuguesa, emitido do Instituto.
Anos 80 Frequência do curso de Filosofia, Universidade de Letras de Lisboa.  Frequência dos cursos de Sociologia/Ciências da Comunicação, Uni. Nova de Lisboa. Cursilho de cinema, no IADE, com António Lopes Ribeiro.
Experiência profissional: Antes de abril Revisor do jornal Diário do Sul, durante curtos meses, ainda menor. Na Picardie (França/Amiens/Corbie) para onde fugira, para não fazer a guerra colonial, trabalho, durante cerca de 1 ano, numa fábrica de joalharia, aprendendo os primórdios do ofício.
Depois de abril Volto a Portugal nos primeiros dias de Maio filio-me no partido comunista português, na própria noite da chegada, a Évora, e logo me torno revolucionário a tempo inteiro, no Alentejo, de Maio de 74 até Novembro de 1980.
Anos 80 Passo os três meses seguintes em Bolbec/Normandia, mas decido regressar a Portugal, fixando-me em Lisboa/Alcântara, e depois sucessivamente em Odivelas/Cascais/Linda-a-Velha, onde ainda hoje resido. Colaboro com a Editora Crediverbo. Pesquiso, compro e vendo por conta própria, coleções de revistas e livros antigos. Torno-me um conhecedor de variados espólios alfarrabistas da cidade, fornecendo alguns dos melhores colecionadores nacionais. 1981/82/83. A frequência de tertúlias literárias no Bairro Alto leva-me a conhecer vários escritores e intelectuais conduzindo-me até Michel Giacometti, com quem venho a colaborar episodicamente na organização dos seus famosos arquivos de Música Tradicional Portuguesa.
* Trabalho, depois, na Ass. Portugal-URSS na programação, organização e promoção de múltiplos eventos de carácter social, cultural e desportivo, nomeadamente, espetáculos de ballet, música clássica, popular e folclórica, debates, colóquios, exposições, semanas de cinema (no Quarteto), provas de atletismo, Torneios Internacionais de Xadrez, Andebol e Ginástica Desportiva. 1ª Corrida da Paz. Fundo a Secção de Xadrez e organizo provas de partidas rápidas com Grandes Mestres Internacionais. Tudo isto centrado em Lisboa, mas ocorrendo um pouco por todo o país, em colaboração com Associações, Instituições, Federações, Coletividades, Clubes e Autarquias. * Nos anos 80 publiquei vários poemas no Suplemento Cultural do jornal “O diário”. * Sou convidado para a organização e lançamento da Clínica do Homem, clínica pioneira em Portugal no domínio da Sexualidade, da Infertilidade (masculina e feminina) e da Impotência Sexual, exercendo as funções de Coordenador da atividade organizativa da clínica e de responsável pelo Marketing e Relações-Públicas da mesma. Organizo com o Diretor Clínico e a Diretora de Psicologia, o Seminário de Andrologia “A impotência Sexual”, no Hotel Penta. Recebi, entretanto, uma medalha de bons serviços, aquando dos 16 anos da Clínica de Santo António, na Reboleira, onde a Clínica do Homem estava sedeada. (1988/89)
Anos 90 Como resultante desta atividade constitui, organizei e lancei a Mare Nostrum, Clínica da Costa do Sol, SA, sita em Cascais, tendo exercido, cumulativamente, as funções de adjunto do Conselho de Administração e Diretor Administrativo e Comercial, sendo responsável pelo Marketing e Relações-Públicas da mesma. (1990/91)
Constituição e organização da Olímpico, Estratégias e Marketing. Lda, cujo objecto seria o de promover o sponsor de iniciativas autárquicas, (em particular com a CM de Lisboa) associativas e empresariais de carácter desportivo, cultural e artístico, sendo, ainda assim, decisiva para a montagem da 1ª Meia Maratona de Lisboa, passo primeiro para a hoje, mundialmente reconhecida Maratona. (1991/92)
Constituição, organização e lançamento da “Fio de Prumo Designers Lda”, mais tarde “Fio de Prumo Design Global, Lda” empresa que deteve, praticamente, desde a sua constituição, um papel de vanguarda na dinâmica do design português, não só pelas exposições e eventos multidisciplinares, que organizou nos seus espaços de Lisboa (Porto e Paris). O Project Room, da Fio de Prumo, com a colaboração de Luís Serpa, e os Cenários de Design com a participação dos melhores profissionais do sector e de inúmeras figuras públicas “fizeram história”. Tais eventos eram, na altura, os, de longe, mais largamente concorridos, na capital e no Porto, pelo público amante do design.
-realce para o papel editorial que assume editando obras dos mais proeminentes designers e arquitetos portugueses, através da editora “de fio a pavio "em que colaboram Eduardo Souto Moura, Manuel Graça Dias e Egas José Vieira, Carrilho da Graça, Santa-Rita, Isabel Dâmaso, Cristina Ataíde, Ângelo de Sousa, Safira Serpa, Paulo Coelho, Helena Subtil, Laura Soutinho, Beatriz Vidal, Nuno Lacerda Lopes, Ana Vasconcelos, José Manuel Carvalho Araújo, Carlos de Oliveira, José Pedro Croft, Luís Narciso, Pedro América, etc. – constituição de uma outra editora, de design de moda e têxteis, com Olga T. Rego, designada  Fio de Trama.-organização do Concurso de Jovens Designers resultante da colaboração da  Fio de Prumo com a revista Casa Claúdia e o Centro Português de Design. – Participação com peças da Fio de Prumo em Exposições Internacionais de Design no estrangeiro, representando Portugal, a convite do ICEP. – a Fio de Prumo possuía, também, um Atelier de Comunicação e Design Visual, made in fio, tendo construído variados logos e imagens, nomeadamente, da ExpoLoures, do Forme 93 (do Instituto do Emprego e da Formação Profissional), da Stivali, da Companhia Nacional de Bailado, da linha de espetáculos de Ballet, da Lisboa 94, Capital da Cultura, do restaurante Casa da Comida, no Tagus Park, etc (1993/99). – Durante o tempo de duração da Fio de Prumo foram publicados na imprensa da especialidade, mas não só, nacional e estrangeira, inclusive no Japão, artigos evidenciando o seu papel de vanguarda.
Nos anos 96/97, fui colunista, com Jorge Vale (do restaurante Casa da Comida) da revista Máxima Interiores, com a coluna Quatro Estações, sobre gastronomia, as estações do ano e as diversas regiões do país. Em Abril de 1998, publicámos para uma edição especial do Diário de Notícias, o texto “Memórias e afectos da Cozinha Tradicional Portuguesa”.
Colaboração pessoal com a FIL no lançamento da 1ª edição da Lisboa Design.
Tentativas de dinamização de uma Associação Empresarial do sector, sem resultados.
Montei, em 1999, com o arquiteto Mário Sua Kay, a pedido deste, uma equipa multidisciplinar de designers portugueses, que concorreu através da agência J. Walter Thompson ao concurso internacional para a criação da imagem global da ONI.
Decido regressar ao Alentejo no fim de 99, passando a viver entre Lisboa, o Alentejo e a Praia Grande.
Anos 2000 Trabalho com a CM de Montemor-o-Novo, desde 13 de Março de 2000, na criação da respetiva imagem de marca, desdobrada depois pelas 10 freguesias e pelas diversas frentes de trabalho autárquico, articulando uma linguagem comunicacional que expressa de forma clara a identidade do concelho.
- Escrita e edição do livro Montemor-o-Novo levantado do chão, passado presente futuro. – Foi, entretanto, editado aquando da sessão solene dos 30 anos do Poder Local Democrático, o 1º volume do Livro Montemor-o-Novo, 30 anos de Abril. E mais tarde o 2º volume.
- Nos 30 anos de Abril, ponho na rua o projeto “a poesia está na rua” – criação de rede de pequenos totens de sinalética informativa no centro histórico. – Criação da rede de totens por todo o concelho, coma a assinatura de Montemor-o-Novo, levantado do chão; Montemor-o-Novo, cidade levantada e principal; e com as respetivas assinaturas das 10 freguesias – criação de boletins e agendas culturais e desportivas municipais, bem com da atual mor+magazine e respetiva linha de comunicação.
- Criação do nome e logo do projeto Montemor, pedra a pedra.
* Conceção do espaço de memória levantado do chão/sala de leitura e multimédia José Saramago, em Lavre, e criação do respetivo logo. Criação de exposição nos 25 anos do lançamento do livro levantado do chão, que visitou outros concelhos. Organizo, com a respetiva junta e câmara municipal, em Lavre e Montemor sessões com os professores Victor Viçoso e Maria Lúcia Lepecki para assinalar a data, bem uma sessão de leitura do mesmo com Gracinda Nave e Rogério Samora. Em Abril de 2008, José Saramago, acompanhado de Pilar e de José Sucena, visita o espaço estando pela última vez, em Lavre e Montemor. Passo a colaborar com a Fundação José Saramago. Elaboro com a estrutura da fundação, em particular, com a sua neta, o roteiro de levantado do chão, que fica alojado no sítio e blog da Fundação. Existe um projeto de concretizá-lo no terreno e editá-lo em livro. A exposição de levantado do chão, agora editada pela Fundação, continua a circular pelo país. Em 2009, colaboro com a Fundação, no reencontro do texto de João Domingos Serra, e com Rita Pais e Manuel Gusmão, na fixação do tal documento incomum, assim chamado por José Saramago, e que mais lestamente o levará à escrita do seu/nosso levantado do chão.
* Trabalhei para outros clientes particulares tendo concretizado no concelho a imagem dos turismos rurais do Monte do Chora-Cascas e da Herdade da Serrinha. No distrito trabalhei num projeto com dois departamentos da Universidade de Évora e no Évora Distrital Digital. Trabalhei, em 2003, na criação da imagem e assinatura do concelho vizinho de Vendas Novas, e seus vários desdobramentos por grandes áreas de atuação. – Elaboração de exposição e respetivo folheto explicativo. – Edição duma 1ª agenda municipal. – Criação do livro vendas novas, abril colorido 30 anos depois, com desenhos das escolas do concelho, em 2005. – brochura e folheto turístico com a nova imagem e colaboração na abertura do novo Posto de Turismo. – Investigação, escrita e criação do 1º volume do livro Vendas Novas, Rumo ao Futuro, em 2006, e posteriormente do 2º volume. – Investigação, escrita e criação do livro “a questão da saúde, o povo de vendas novas como protagonista”.
Continuei a trabalhar no sector privado em outros projetos junto de várias instituições e empresas em Lisboa, Almada, Tomar, etc.
* “Pretensões” ditas literárias/ ou editoriais. Em 2004, contribuo para e edição pelo MDM do livro Que o exemplo não se perca, da poetiza Lisete Pinto de Sá.
Em 2005, como forma, de em Novembro, comemorar os meus 50 anos! pretendia editar o livro escrito em 77/78 3º andar jardim suspenso. A pessoa a quem o voltei a mostrar e a quem era dedicado, a psicóloga Maria Clementina Diniz, deu-me permissão para o fazer (apesar de, mais uma vez, nada ter feito para além do seu design e montagem gráfica). Mas voltando a tomar contacto com variados textos organizados em livros vários, que continuavam em suspenso, sem editora e sem que a procurasse, a Maria exigi-me que “antes dos nossos textos amorosos, publica, por favor, os políticos que são bem mais urgentes e necessários para contar a revolução no teu Alentejo e revigorar a militância”. “Entrega o primeiro deles gente povo todo o dia ao nosso partido, porque é ele que os deve publicar”. Ela telefonou ao José Casanova, como “a pessoa certa para tratar da questão” e eu fui à Soeiro levar-lho em mão. O livro andou perdido, segundo parece devido à venda da Caminho. Os camaradas têm muito que fazer, dizia-me ela, ante a minha impaciência. “Espera. Tem calma”.
Entretanto, a Maria morria inesperadamente em 8 de Março de 2007, sem que houvesse resposta alguma sobre qualquer interesse na edição do mesmo. De 3 a 28 de Outubro desse ano, o sector intelectual da dor leva a cabo, no museu da cidade, a exposição “obras do acervo de arte do sector intelectual de lisboa do Partido Comunista Português” que ela tinha entre mãos. As suas duas filhas Isabel e Ana Filipa pedem-me um texto, que se virá a chamar “sonhar de pés fincados em terra” (nota explicativa) que abrirá o respetivo catálogo e que será, também, guião de um pequeno vídeo/filme de homenagem à Maria, fabricado por Helena Alves, alentejana.
Em 2008, contribuo para o lançamento pelas Edições Colibri dos livros O Dilema do professor, formar para quê, de Ana de Almada Saldanha, em Setembro, e no princípio não foi o verbo e outros textos de psicologia, de Maria Clementina Diniz, em Outubro. Ainda em 2008, após mais uma insistência, o meu texto reaparece, e a Editorial «Avante!» resolve editar gente povo todo o dia, texto escrito no essencial durante os anos em que fui revolucionário a tempo inteiro no Alentejo, e que em 81/82, já se encontrava pronto para edição, apesar de nunca ter procurado fazê-lo. O livro sairá em Fevereiro de 2009. Peço para o mesmo, um posfácio a Manuel Gusmão, pois, entretanto, havia descoberto, entre os meus papéis, que ele já o havia tido entre mãos em 81/82. Retomando os nossos contactos iniciados em 1975 no nosso Alentejo passamos a   encontrarmo-nos regularmente para estar, almoçar e falar, até porque o Manuel faz o favor de me acompanhar a apresentar a gente povo, em quase todos os sítios em que foi lançado.
Na base de um texto escrito no essencial em 1979 “negro grão pétreo/negro e pétreo nódulo” sobre o assassinato de casquinha e caravela, gente da minha aldeia, vou insistindo se não quer trabalhá-lo comigo, atualizando-o e emprestando-lhe o seu cunho de poeta maior, de modo a dele fazermos obra digna de assinalar os 30 anos dessa tragédia, acontecida em 27 de Setembro de 1979. Além do mais seríamos dois alentejanos a falar de dois outros já mortos, um livro a quatro mãos em que não se saberia onde estaria a escrita de cada um. De apenas dramatizador do texto o Manuel foi cedendo e na sua enorme generosidade passou a coautor do mesmo. Sem ele não haveria este novo objeto literário. Um gesto comunista como uma amiga do Manuel depois qualificará. E assim foi, conseguimos fazê-lo! E a «Editorial Avante!» resolveu editá-lo. Cantata Pranto e Louvorem memória de casquinha e caravela, via, pois, a luz do dia, em 1ª edição, em Setembro de 2009. A 2ª edição sairia ainda em Dezembro.
A Fundação Saramago, edita, em 2010, antes da morte de José, e contando com a sua colaboração no respetivo prefácio o livro de João Domingos Serra, que sai, por sugestão do próprio Saramago, com o título. Uma família do Alentejo. O livro conta, também, com um posfácio de Manuel Gusmão, que se debruça sobre o texto e o seu papel na génese de Levantado do Chão.
No 1º de Maio de 2010, para festejar o 120º aniversário do mesmo, a «Editorial Avante!» edita a coletânea de poemas MAIO, trabalho, luta incluindo nela um extrato de De luto desfilamos (da referida Cantata).

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