Memória de 7 de Outubro de 2020

 




Apesar dos restos mortais de D. Sebastião não terem sido acreditados pelo povo idólatra, D. Sebastião tem que ter morrido, tal como Hitler, a madre Teresa e tantos outros. Nós tugas, quando acordamos com dia de nevoeiro, lá vamos nós à esperança estéril de um rei capaz de cobertura para a imortalidade para nos salvar da anexação a Espanha. Dizem muitos que dada a sua bravura, com um exército diminuto e tudo contra, enfrentou em Marrocos os mouros que queriam a todo o custo conquistar os territórios de Portucale. E tombou. Isto passou-se em 1500 e trocó passo, mas se não vingou D. Sebastião vivo, volta sempre o nevoeiro romântico que o encobriu. Séculos depois, continuamos à espera de um D. Sebastião quiçá mais velho e mágico que revitalize a nossa esperança e alegria num futuro sem medo. Sim, porque o nosso D. Sebastião bravo escorraçaria o covid para uma mouraria longe da nação.
O nevoeiro está aí, D. Sebastião não.
Os números deste exército de vírus crescem assustadoramente e se o Centeno pudesse ter conhecido a batalha de Alcácer Quibir, não falava em retomas de 8%... Diria Sebastião ao Cristiano Ronaldo da Economia que nevoeiro é semelhante a areia. Que as contas não batem certo. Que a economia vai ter retoma sim mas só pró final de 2021, isto se o Corona resolver abrandar e ajudar à imunidade grupal. Confesso que os mitos são só isso. Mitos. E nós temos uma classe política mitómana, para não dizer esdrúxula, sequiosa de fazer prevalecer uma mentira e arrasta-la até á próxima pseudo verdade. Muitos restaurantes encerrarão portas definitivamente, muito comércio falirá e com isso indústria nenhuma escoará produtos. Se o pico desta vaga acontecer em Janeiro, qual retoma qual quê!?!? Estamos condenados a viver uma época de racionamento e de mendicidade. E nestas épocas, os únicos que sobrevivem são os que têm tachos garantidos, os grupos económicos fortes, os que têm acesso ao granel, a investimentos a fundo perdido, os politicos-advogados, magistrados, os gestores, os ceos da EDP, da Nos, da Meo, da Galp, os deputados disto e daquilo que acumulam funções de inutilidade, os cargos e patentes que todos conhecemos como Vips. E as Moças de Cosme, com tronchuda e cebolo, semelhas e tomate, feijão, porco e vinho ajudados pela vontade férrea e térrea de não passarem fome.
Somos carne para canhão. Sem ventilação, sem coragem para a participação activa de oposição. De longe, covardes perto do D. Sebastião de rex de Portucale.
Diz o poeta Alegre, que há sempre quem resiste, há sempre quem diz não ( haver há, mesmo que no seu currículo de homem político tenha perecido na sua história a traição à pátria). As verdades nunca são inteiramente. Passam pelo crivo da censura, do dogma, do mito que o tempo envelhece e perpetua.
Ressuscite-se o sentido de Estado e a Vergonha, a Honra e a noção social de estamos todos no mesmo barco. Que este vírus que este planeta que este estado de consumo e aparências vos queime o chip de que está tudo bem e tudo ficará bem. Não está e nem estará tudo bem. Não é o mundo que tem de mudar mas nós. E isso dá uma trabalheira danada. Os 8% de retoma económica contemplam a esmola gorda que se aguarda de fora, dos nossos 'parceiros económicos europeus' também eles em recessão? A janela do banco de Portugal deve ter vista sobre um mundo paralelo de offshores. Só pode! Vou atirar me à cafeína e acordar o dito Salvador do smog que importamos da lenda do Rex humanista. E ajudar a economia, degustando uma nata de Guilhufe, porque Belém é longínqua

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