Al Qabri Ramos

 



Cesteira da montanha


Atas-me a voz

quando incendeias palavras na ira

quando vomitas, sem cura

fazendo do meu peito a mira,

o alvo desse ódio incerto.


Liberdade começa no teu grito.

Na minha escolha pelo silêncio.

ata-me a voz, mas nunca

conseguirás calar o meu pensamento.


Ele virou as costas. 

A cesteira da montanha

mais uma vez tinha razão.


A mulher resgatou

um punhado de terra

e soltou ao vento. 


Não gostava da vitória das palavras,

Só dos derrotados.

Por eles nutria ternura.

Calava-se, então.



Nota: Cesteira é uma jigueira (que faz jigas), e eu sou, também, uma jigueira, que era o apelido da família do meu pai.

Logo, se ele era um jigueiro, honro com esta poesia, não só o meu pai, Francisco Guedes, como os pais dele, Rodrigo Augusto Guedes e Albina Ferreira da Silva

(que faz jigas)

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