Al Qabri Ramos


 


Paridez do mundo


A frente polar atravessou-se no caminho 

e nem o gelo nos tornou mais frios,

mais desumanos, mais surdos e mudos

quando olhamos imagens de guerra distante,

inútil, grosseira, primata, insensata,

entre credos e políticas, entre arrogância e poder,

entre autómatos e reles homens que se esqueceram

da sua condição de viver e, no avesso matam,

sedentos; inocentes e apáticos, e fazem-no

como quem fode, como quem pode, 


 


Na usurpação, na leviandade, na inércia,

no sangue alheio, no coletivo, no eu-entalado 

acoitam-se e calam-se direitos distorcidos,

com o apelo a Deus e ao Diabo

confundem-se democracias com ditaduras mascaradas

regicídios e totalitarismos, metralham-se religiões

e teocracias, e então, Deus Procurado

encontra-se em parte incerta, naquele cenário

de hostilidades, gritando a sua desresponsabilização,

perante os livres-arbítrios concedidos



As opções são sempre as mesmas: inutilizar o outro,

que de moles, pobres e crentes se limpe o planeta.

De fracos não reza a história, filhos.

Os reizinhos do nada querem governar,

e fazem-no como quem fode, como quem pode.


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