José Luís Ferreira

 Um escritor lisboeta, avesso a títulos e parangonas, de um registo intimista, 

que nos arrasta de livre vontade pelos sentidos internos da sua forma de VER 

o mundo.








"Sempre os mesmos rostos nas mesmas mesas, ligeiros golpes de atenção talvez a descobrir pedaços de gelo. 
Não há respostas, as palavras resistem, já o disse, os mesmos destroços nas outras mesas que pouco falam, 
os olhos cavados parecem terra, eles sabem-no e apenas esperam, quase invisíveis, distantes, os seus olhos 
ainda procuram o fogo dos evangelhos, outras vezes apenas vegetam e é esse o seu prodígio, já sem aquele 
jeito militar de bater com os tacões um no outro para aquecer o turno, também aí o frio e a espera, de facto 
que puta de vida que nos ultrapassa, isto de ser jovem é uma grande pressa, e os evangelhos carcomidos, 
desbotados de ardor, acreditar em quê se nem o vinho se arrepende, o pão e o vinho e um qualquer milagre!"


in Não sei que horas são esta noite,
Editora 5 Livros
José Luís Ferreira

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