António Zambujo
Nascido em Beja, a 19 de Setembro de 1975, António Zambujo é um dos maiores artistas, autores e intérpretes contemporâneos da música e da língua portuguesas, e um dos seus mais notáveis embaixadores no mundo.
Ao nono álbum, oitavo de originais, “António Zambujo Voz e Violão”, o músico inspira-se no nome de um dos discos da sua (e da nossa) vida, “João Voz e Violão”, álbum de João Gilberto editado em 1999, e volta, nada acidentalmente, ao essencial. Como escreveu o jornalista Luís Osório: «Um dia, num qualquer futuro mais ou menos distante, dir-se-á que este disco é um dos mais importantes da carreira de António Zambujo. Não por se julgarem menores alguns dos álbuns que o antecederam e ainda menos pela qualidade de todas as canções que ainda não compôs ou deu voz. Simplesmente porque “Voz e Violão” será sempre associado a um tempo que nos provou o quanto somos frágeis e o quanto precisamos de nos repensar numa urgência do que é essencial.».
António Zambujo incorporou as influências do cancioneiro brasileiro, em particular da Bossa Nova, na sua música, primeiro forjada na tradição do Cante Alentejano e do Fado, de onde partiu para criar uma personalidade única, inspirando um novo ciclo na música portuguesa, ao mesmo tempo que derruba fronteiras, reais ou imaginárias, aproximando os dois lados do Atlântico. Na sua discografia, “Até Pensei Que Fosse Minha”, o álbum de tributo a Chico Buarque que editou em 2016 e que lhe valeu inclusivamente a nomeação para o Grammy Latino no ano seguinte, na categoria de Melhor Disco de MPB, não causou por isso estranheza.
Também não pareceu bizarro que em finais de 2018 tenha chamado “Do Avesso” ao novo álbum de originais, em que voltou a reinventar-se, recorrendo à participação da Orquestra Sinfonietta de Lisboa, e que acabaria por ser distinguido com o Prémio José Afonso 2019. O júri considerou que “Do Avesso” representava «não só a continuação do percurso extremamente coerente de António Zambujo, mas também um ponto alto pela confirmação das suas qualidades interpretativas e a grande inspiração criativa que revela» e acrescentou ainda que «cada canção de Zambujo conta uma história, e cada álbum é, em si, uma história, na linha de José Afonso, para quem a música estava intrinsecamente ligada quer à sua vida interior, quer às circunstâncias do mundo em que viveu». E são vários os capítulos anteriores desta obra que António Zambujo vem criando, desde a estreia em 2002 com “O Mesmo Fado”, seguido de “Por Meu Cante” (2004), “Outro Sentido” (2009), “Guia” (2010), “Quinto” (2012), e “Rua da Emenda” (2014).
Na infância passada no Alentejo, António Zambujo cresceu com forte ligação à música - começou por estudar clarinete com apenas 8 anos, mas foi sobretudo a tradição viva do Cante Alentejano e do Fado que o fizeram músico. Acabando por fixar-se em Lisboa, onde começou por dividir o tempo entre a experiência diária do Fado e a participação em musicais, vai trilhando um impressionante caminho, marcado por prémios e distinções, com destaque para a comenda da Ordem do Infante D. Henrique, que lhe foi entregue pelo Presidente da República, em 2015.
Há poucos lugares no planeta que não tiveram ainda o privilégio de já terem ouvido a Voz de António Zambujo ao vivo. Com tantos mundos dentro do seu mundo, quer se apresente rodeado de músicos ou apenas acompanhado pela sua guitarra, como teremos agora a oportunidade de assistir nos concertos de “António Zambujo Voz e Violão”, é sempre, como disse Caetano Veloso, 7 álbuns antes, “de arrepiar e fazer chorar”.
Informação retirada daqui.
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