Caetano Veloso & Alma Novaes




O meu rei é humano

O meu rei é soberano
usa espada
para equilibrar a vida
e cortar o que não presta
é músico nos intervalos
do pensamento,
é rio, mar
céu e um
campo de girassóis.
Compõe poesias na madrugada
Ideias geniais
que lhe vêm do nada
O meu rei é poeta
e estratega do vento e usa
fás sustenidos e si bemóis
para trazer amor ao meu coração
lamirés que só eu escuto.
Ainda.
O meu rei anda por aí
a reconhecer território
e tropas
o meu soberano
é rei de uma monarquia
privada.
E acordo com ele
e durmo com ele
no sonho e no pensamento
O meu rei vive em mim,
feito vento e, 
muito embora seja do espaço
Foi de Tabuaço que veio

E a coroação da sua rainha
Não me abrange a mim
como sua consorte
(que escura esta verdade)

Só nos sonhos desta vida.
E por isso culpo a noite
Essa prostituta devassa
que me não deixa sequer vê-lo
e Deus que é meu amigo
fala com ele, acorda-o
para que eu possa parar de chorar.
O meu rei é livre
é doce
é carinhoso
e calado.
O meu rei é triste
por vezes, por vezes palhaço
O meu rei é a luz
que me conduz à verdade.
Daí esta ansiedade




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