Alma Novaes & Chico Buarque
Monólogo de renúncia tardia
Corremos na esperança da luz eterna
que tínhamos em mente: amor incondicional
que roga a inocência e exige
a magia além do desespero.
o amor correu do coração ao lábio,
à rotina, ao cansaço e exaustão
afinal, só a menina, o lobo,
as canções são eternas...
ah se eternos pudéssemos ser!
E ainda bem que não! E chamo a isso evolução
e depois o medo colou-se na minha voz
e quando te respondia já não havia nós dois
o nós era eu e o medo, lado a lado
e tu ficaste preso à vaidade exacerbada
do que te achavas e eu à beirinha do abismo
tu, encostado em narciso, pervertendo palavras e atos
eu pregada adiante, tremendo, em cismas minhas!
Nunca podíamos ser um (sendo dois)
e a ambição, não podia ser contigo
e menos para sempre.
E eu agradeço a mim esta renúncia,
tardia, porém, renúncia
in Libertações leoninas
escrito em Agosto de 2010
reescrito em Maio de 2021
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