Alice Bailey 11.11
(continuação do Raio do Ego, capítulo I)
" ...-a reação cerebral de Deus Mesmo."
No homem, o microcosmo, o objetivo do propósito evolutivo no quarto reino da natureza, é capacitá-lo para que se manifeste como alma no tempo e espaço e se sintonize com o propósito da alma e o plano do Criador, tal como o conhecem e expressam os Sete Espíritos ante o Trono, os sete Logos planetários. Porém, aqui só podemos fazer alusão a um grande mistério, e é tudo o que podem captar os mais elevados Filhos de Deus, no nosso mundo planetário manifestado, é uma parcial realização do propósito e do plano do Logos solar, assim como o capta, compreende e expressa, um dos Logos planetários que está (no Seu lugar e período de atuação) condicionado e limitado por sua própria e peculiar etapa de evolução. Uma sétima parte do Plano no desenvolvimento está-se expressando na nossa Vida planetária particular, e como este grande ser não está numa das sete Vidas sagradas e, portanto, não se expressa através de um dos sete planetas sagrados, o Plano, tal como se desenvolve na terra, é parte de uma expressão dual do 3º propósito, unicamente quando outro planeta não sagrado alcance a sua culminação, poderá ser compreendido por inteiro o Plano destinado ao planeta Terra. Quem sabe não seja facilmente compreendido, pois só os iniciados, como já se disse, podem captar parcialmente a significação da afirmação que diz "os dois serão um e conjuntamente expressarão a divindade". Tudo o que concerne agora à humanidade é a necessidade de uma constante e consciente resposta à revelação evolutiva e à gradual captação do Plano, que permitirá ao homem: a. trabalhar consciente e inteligentemente, b. compreender a relação que tem a vida com a forma e qualidade, c. produzir essa transmutação interna que trará à manifestação o quinto reino da natureza, o Reino das Almas. Tudo isto deve ser levado a cabo no reino da perceção ou da resposta consciente, por intermedio dos veículos ou mecanismos de resposta, que se aperfeiçoarão constantemente, ajudados pela compreensão e a interpretação espirituais. Não trataremos as perguntas principais nem nos ocuparemos da consciência da vida de Deus, tal como se expressa nos três reinos sub-humanos, senão totalmente dos três pontos seguintes: 1. A consciência estritamente humana que começa com o processo da individualização e culmina na dominante personalidade. 2. A consciência egóica, a do Anjo solar quando começa a preparação para a iniciação no Caminho do Discipulado e culmina no perfeito Maestro. 3. A compreensão monádica. Esta frase nada significa para nós porque diz respeito à consciência do Logos planetário, a qual se vai compreendendo na terceira iniciação, quando a alma domina e atua através da personalidade. O homem, o ser humano comum, é uma totalidade de tendências separatistas, forças incontroladas e energias desunidas que lenta e gradualmente se coordenam, fusionam e misturam na personalidade separatista. O homem, o Anjo solar, é a totalidade dessas energias e forças unificadas, misturadas e controladas pela "tendência à harmonia", efeito do amor, e a sobressaliente qualidade divina.
O homem, a Mónada vivente, é a realidade velada e o Anjo da Presença oculta. O homem é a expressão sintética do propósito de Deus, simbolizado pela qualidade divina revelada e manifestada por intermedio da forma. Aparência, qualidade, vida -novamente nos enfrenta esta antiga triplicidade. Falando simbolicamente, pode ser estudada como: 4 1. O homem o Anjo da Presença. 2.A raiz do loto da fragância. 3. A zarza o fogo a chama. O trabalho da evolução, por ser parte da determinação da Deidade de expressar a divindade por meio da forma, é necessariamente a tarefa da revelação e, no que ao homem diz respeito, esta revelação expressa-se como acrescento da evolução da alma e em três etapas: 1. A individualização da personalidade. 2. A iniciação O ego. 3. A identificação. A mónada. 1. AS TRÊS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DO EGO. Devemos recordar constantemente as seguintes afirmações. A personalidade é uma tripla combinação de forças que impressionam e controlam totalmente o quarto aspeto da personalidade, o corpo físico denso. As três classes de energia da personalidade são o corpo etérico, veículo da energia vital, o corpo astral, veículo da energia da sensação ou força sensorial, e o corpo mental, veículo da inteligente energia da vontade, destinado a ser o aspeto criador dominante. A ciência cristã colocou o enfase nesta verdade. Tais forças constituem o homem inferior. O Anjo solar é uma combinação dual de energias -a energia do amor e a energia da vontade, o propósito-, qualidades do hilo da vida. Quando ambas dominam a terceira energia, a da mente, produzem o homem perfeito. Elas explicam o problema humano; indicam ao homem o seu objetivo; justificam e definem a energia da ilusão, e assinalam o caminho do desenvolvimento psicológico que conduz o homem (desde o triângulo da triplicidade e da diferenciação) através da dualidade à unidade. Estas são verdadeiras práticas, daí a razão pela qual os esotéricos poem hoje predominante ênfase sobre a compreensão do Plano; o mesmo sucede na forma similar, no trabalho dos psicólogos ao tratar de interpretar ao homem, e de ali também as diferencias a respeito do mecanismo humano, de maneira que o homem se vê, como quem diz, dissecado nas suas partes componentes. Reconhecendo que a qualidade do homem determina externamente o lugar que ocupa na escala da evolução, porém, a psicologia moderna da escola extremadamente materialista supõe erroneamente que a qualidade do homem está determinada pelo seu mecanismo, muito embora que o fator determinante é o contrário. O problema dos discípulos consiste em expressar a dualidade do amor e da vontade, através da personalidade. Esta afirmação é a verdadeira enunciação da meta do discípulo. O objetivo do iniciado é expressar a Vontade de Deus mediante o desenvolvimento do amor e o sábio emprego da inteligência. O precedente enunciado proporciona a base para definir as três etapas do desenvolvimento do ego. 5 Portanto, o que é a individualização desde o ponto de vista do desenvolvimento psicológico do homem? É a centralização do aspeto inferior da alma, a inteligência criadora, para que possa expressar-se através da forma. Oportunamente, será o primeiro aspeto da divindade que assim se expressa. O surgimento à manifestação da qualidade específica do Anjo solar, ao apropriar-se de uma ou mais envolturas que constituem a sua aparência. Ou a imposição inicial de uma energia aplicada e dirigida sobre esse triplo conglomerado de forças a que chamamos a natural forma do homem. Então, aparece no cenário da vida o individuo que vai até à plena coordenação e expressão. Aparece o ator e aprende a sua parte; até à sua estreia, e prepara-se para o dia da plena expressão da personalidade. A alma penetra nessa forma densa e no plano mais inferior. O EU começa a desempenhar a parte que lhe corresponde, expressando-se por meio do egoísmo, que finalmente conduz a um ulterior altruísmo. O ente separatista começa assim a preparar-se para a realização grupal. É um Deus que caminha sobre a terra, velado pela forma carnal, a natureza do desejo e a mente fluídica. Momentaneamente, é presa da ilusão dos sentidos e está dotado de uma mentalidade que primeiro obstaculiza e aprisiona e, finalmente, desata e libera. Escreveu-se muito na Doutrina Secreta e no Tratado sobre o Fogo Cósmico, sobre o tema da individualização. Pode ser simplesmente definido como o processo pelo qual as formas de vida no seu quarto reino da natureza chegam a: 1. A individualização consciente pela experimentação da vida dos sentidos. 2. A afirmação da individualidade pelo emprego da mente discriminadora. 3.O sacrifício final dessa individualidade a favor do grupo. Atualmente, a tarefa das massas consiste em chegar a ser conscientes de si mesmas, e estão desenvolvendo esse espírito ou sentido de integridade ou plenitude pessoal, que trará como resultado uma acrescida autoafirmação -primeiro rasgo da divindade. Apesar das complicações e consequências imediatas na consciência do mundo e do estado do ser, todo ele é correto e bom. Daí que seja necessário guiar imediatamente aos discípulos de todas as nações e ensiná-los para levar uma vida de correta aspiração, com a sua conseguinte preparação para a iniciação. Os padres e os maestros inteligentes da juventude deveriam empreender hoje a tarefa de levar à atividade mundial esses indivíduos conscientes que empreenderão o trabalho de autoafirmação nos assuntos atuais. A psicologia das massas que aceita informações sem discriminar, obedecendo rápida e massivamente às limitações impostas à liberdade pessoal, sem a devida compreensão das razões subjacentes e seguindo cegamente aos líderes, só chegará a seu fim quando se fomente inteligentemente o reconhecimento individual do euísmo e as asseverações do individuo que trata de expressar as suas próprias ideias. Uma das ideias fundamentais subjacentes na conduta humana e individual, radica na necessidade de paz e harmonia a fim de que o homem possa especificamente desenvolver o seu próprio destino. Tal a fundamental e profunda crença da humanidade. A primeira evidencia da emergente autoafirmação da massa de indivíduos deve ser levada nesta direção, pois constituirá a linha de menor resistência. Logo lhe seguirá a eliminação da guerra e o estabelecimento dessas condições de paz que oferecerão a oportunidade para começar e obter um cuidadoso progresso cultural. O ditador é um individuo que, por debaixo deste processo, adquiriu conhecimento e poder e é um exemplo da eficácia do carácter divino, 6 quando se lhe permite atuar como produto do processo evolutivo. O ditador expressa muitas das potencialidades divinas do homem; contudo algum dia será um anacronismo, porque quando a maioria chegue à etapa da autoconsciência e à potencia individual e trate de expressar plenamente os seus poderes, o ditador se perderá de vista pela autoafirmação dessa maioria. Na atualidade o que representa a meta para o EU inferior, é a personalidade. Não obstante, antes de que muitos homens possam chegar a ser autoafirmativos sem perigo algum, deve acrescentar-se o número dos que conseguiram transcender essa etapa e também dos que o sabem, ensinam e demonstram, a fim de que os muitos que constituem o grupo dos inteligentes formado por indivíduos autoconscientes, possam identificar-se discriminadamente com o propósito do grupo e submergir as suas identidades separatistas nas organizadas atividades e na síntese grupal. Esta é a predominante tarefa do Novo Grupo de Servidores do Mundo, a qual deveria ser atualmente a aspiração dos discípulos mundiais. Este trabalho de direcionar os indivíduos no propósito grupal, deve ser efetuado de três maneiras: 1. Pela imposta identificação pessoal com o grupo, através da experiência da compreensão, o serviço e o sacrifício. Isto pode muito bem constituir um experimento útil e autoimposto. 2. Pela educação das massas nos princípios que subjazem no trabalho grupal e o início de uma opinião pública iluminada sobre estes conceitos. 3. Pela preparação da maioria dos componentes do Novo Grupo de Servidores do Mundo para alcançar essa grande transição na consciência, que chamamos iniciação. Por conseguinte, o que é a Iniciação? A iniciação pode ser definida de duas maneiras. É, antes de tudo, entrar em um mundo dimensional novo e mais amplo, mediante a expansão da consciência do homem, para que possa incluir e abarcar o que agora exclui, e do qual se separa normalmente quando pensa e atua e depois introduzir no homem essas energias características da alma e unicamente da alma -as forças do amor inteligente e da vontade espiritual. Estas energias dinâmicas atuam em toda a alma que conseguiu a liberação. Este processo de penetrar e ser penetrado deveria ser simultâneo e sintético, acontecimento de primordial importância. Se isto sucede sucessiva ou alternadamente, indica um desenvolvimento irregular e uma condição desequilibrada. A teoria comum sobre o desenvolvimento e a captação mental que concerne às realidades do processo iniciático, antes de ser experimentadas praticamente na vida diária, para integrá-las psicologicamente na expressão prática do processo vivente no plano físico, encerra muitos perigos, dificuldades e tempo perdido. A captação mental por parte do individuo é, muitas vezes, maior que o seu poder de expressar o conhecimento e, em consequência, temos esses grandes fracassos e essas situações difíceis que desacreditaram do tema da iniciação. Muitas pessoas consideram-se iniciados. Quem está tratando de sê-lo, o qual não significa que o sejam, só são pessoas de boas intenções cuja compreensão mental está aquém da capacidade das suas personalidades para praticar o que captaram. Estão em contacto com forças que não podem ainda manejar nem controlar; efetuarão grande parte do trabalho necessário para atingir o contacto interno, porém não dominaram a natureza inferior, por isso são incapazes de expressar o que compreenderam e perceberam 7 internamente. São esses discípulos que falam na forma demasiado antecipada e autocentrada, apresentando ao mundo um ideal para o qual realmente trabalham, porém, todavia, são incapazes de materializá-lo devido ao inadequado da sua equipa; afirmam as suas crenças como se as houvessem realizado, causando grande confusão entre os ignorantes, ainda que trabalhem ao mesmo tempo para atingir a meta. Mentalmente, estão em contacto com o ideal e o plano e são conscientes das forças energéticas, totalmente desconhecidas pela maioria. O único erro que cometem é o do fator tempo, pois afirmam, prematuramente, o que chegarão a ser algum dia. Quando a iniciação chega a ser possível, indica que dos grupos de energias (os da tripla personalidade integrada e os da alma ou Anjo solar) começam a sua fusão e mistura. A energia da alma começa a dominar e a controlar os tipos inferiores de força, e segundo o raio da alma, será o corpo em que esse controle fará sentir a sua presença. Isto se detalhará mais adiante, quando se considerem os raios que regem os diferentes corpos -mental, emocional e físico. Deve recordar-se que, para receber a primeira iniciação, só é necessário evidenciar um mínimo de controle egoico. Esta iniciação indica, simplesmente, que o germe da vida da alma vitalizou e colocou em existência ativa o corpo espiritual interno, a envoltura do homem espiritual interno, o que, oportunamente, permitirá ao homem na sua terceira iniciação manifestar-se como "um homem em Cristo, em toda a sua plenitude" e, nesse momento, dar a oportunidade à mónada para que expresse plenamente a vida, o qual terá lugar quando o iniciado se identifique conscientemente com a Vida Una. Como frequentemente se disse, pode transcorrer muito tempo entre a primeira iniciação e a segunda, efetuando-se inumeráveis mudanças durante as numerosas etapas do discipulado. Voltaremos sobre este particular mais adiante, quando estudarmos as sete leis do desenvolvimento do ego. A total individualização chega à sua culminação quando se obtém a personalidade integrada, expressando-se como unidade através de três aspetos. Tal expressão da personalidade compreende: 1. A plena liberdade para utilizar a mente e enfocar a atenção, sobretudo no que diz respeito ao EU pessoal e aos seus objetivos. Isto determina o êxito e a prosperidade pessoais. 2. O poder de controlar as emoções e, ainda assim, utilizar plenamente o mecanismo sensorial para perceber estados e reações e estabelecer contacto com os aspetos emocionais de outras personalidades. 3. A capacidade de estabelecer contacto com o plano das ideias e trazê-las à consciência. Ainda que sejam depois subordinadas a um propósito e interpretação egóicas, ainda assim, lhe seja possível ao homem pôr-se em contacto com o que pode ser espiritualmente conhecido. A liberdade de utilizar a mente supõe uma crescente sensibilidade à impressão intuitiva. 4. A demostração dos muitos talentos, poderes e a expressão do génio, mais a subjugação enfática da inteira personalidade para expressar alguns desses poderes. Com frequência, existe ductilidade e capacidade extremas para realizar de forma eficiente muitas coisas importantes.
5. O homem físico é, com frequência, um instrumento maravilhosamente sensível aos EUS internos emocional e mental; está dotado de um grande poder magnético, possui muitas vezes, uma saúde corporal elástica ainda que não tão robusta, grande simpatia e dons pessoais. Um estudo dos mais destacados indivíduos, em todos os campos da atual expressão mundial, quando se aparta dos conceitos grupais superiores e da constante aspiração espiritual de servir à humanidade, indicará a natureza da individualidade que chegou à sua culminação e ao êxito desta parte do plano divino. Deve observar-se detidamente que o êxito do indivíduo predominante é, também, um triunfo divino no seu tempo correspondente e lugar, como no caso dos grandes Filhos de Deus. Todavia, um dos êxitos é a expressão do terceiro aspeto da divindade, quando vela e oculta a alma; o outro é a expressão dos aspetos da divindade (o segundo e o terceiro) quando velam e ocultam o aspeto da vida da Mónada. Quando isto seja captado, a nossa avaliação das realizações mundiais sofrerá uma alteração, e veremos a vida na forma mais real e sem espelhamento, o qual desfigura a nossa visão e também a das grandes personalidades. Deve ter-se em conta a atividade da alma, pois cada individuo é uma alma vivente que atua nas envolturas inferiores dos corpos, e se dedica a: 1. Construir uma envoltura atrás de outra, em sucessivas vidas, as que serão cada vez mais adequadas para a sua própria expressão. 2. Desenvolver uma sensibilidade nas envolturas -primeiro na forma consecutiva e por último em simultâneo-, o que lhe permitirá responder a esferas ou influências divinas cada vez mais elevadas. 3. Integrar as três envolturas numa unidade que durante três e às vezes sete vidas (ocasionalmente uma), atuarão como personalidade dominante num amplo campo de expressão, empregando a energia da ambição para levá-lo a cabo. 4. Reorientar o EU inferior individual para que o reino dos seus desejos e a satisfação dos erros pessoais sejam, oportunamente, relegados ao seu correto lugar. 5. Impulsar o homem autoafirmativo a que efetue essas novas realizações que o encaminharão até ao Caminho do Discipulado e, oportunamente, ao da Iniciação. 6. Substituir as passadas ambições pessoais e o autointeresse pelas necessidades do grupo e o objetivo de servir ao mundo. Não é o anteriormente revelado suficientemente prático? Quando a iniciação chega à sua culminação no que à humanidade concerne, surge um Maestro de Sabedoria liberado, isento das limitações do indivíduo, recolhe os frutos do processo da individualização e atua na forma acrescentada como Anjo solar, por estar primordialmente enfocado no corpo espiritual interno; assim se desenvolve, constantemente, a consciência da Presença. Este feito merece ser meditado e estudado profundamente por todos os discípulos. À medida que os três raios que regem a triplicidade 9 inferior se misturam, sintetizam e criam a personalidade vital e, por sua vez, dominam o raio do corpo físico denso, o homem inferior penetra num prolongado estado de conflito. Na forma gradual e acrescentada, o raio da alma, "o raio da captação persistente e magnética", como se denomina ocultamente, faz-se mais ativo, então, o cérebro do homem que desenvolveu a personalidade estabelece a crescente perceção de uma vibração. Existem muitos graus e etapas nesta experiência, que abarcam muitas vidas. Ao princípio, o raio da personalidade e o raio do ego parecem chocar, e se liberta uma constante guerra com o discípulo como espectador e dramático participante. Arjuna entra no campo de batalha; fala-se entre duas forças, como um consciente e ínfimo ponto de luz e de perceção sensorial. Ao redor, dentro e através dele, as energias de dois raios precipitam-se e iniciam conflito. Gradualmente, à medida que continua o fragor da batalha, converte-se num fator mais ativo e abandona a atitude do observador desapegado e desinteressado. Quando se dá conta, definitivamente, do que está em jogo e do desperdício, decididamente, o peso da sua influência, desejos e mente, a favor da alma, então pode receber a primeira iniciação. Quando o raio da alma se enfoca plenamente, através dele, e todos os seus centros estão controlados por esse enfocado raio da alma, converte-se no Iniciado transfigurado e recebe a terceira iniciação. O raio da personalidade, ocultamente, se extingue ou é absorvido pelo raio da alma, e todos os poderes e atributos dos raios inferiores são subsidiários do raio da alma e estão circundados por este. O discípulo chega a ser um homem de "Deus" -uma pessoa cujos poderes são controlados pela vibração dominante do raio da alma e cujo mecanismo sensível interno vibra dentro da medida do raio da alma que, na sua vez, é reorientado até o raio monádico e controlado por este. O processo repete-se: 1. Os diversos raios que constituem o homem inferior separatista entram em fusão, misturando-se para formar os três raios da personalidade. 2. Estes, por sua vez, entram em fusão e misturam-se numa expressão sintética do autoafirmativo e dominante homem, o EU pessoal. 3. Logo, os raios da personalidade convertem-se num e, por sua vez, se submetem ao raio dual da alma. Novamente, três raios se misturam e entram em fusão. Os raios da alma dominam a personalidade e os três voltam, outra vez a ser um, porque o raio dual da alma e o raio da personalidade fundida vibram de acordo à medida dos raios superiores da alma -sempre se considera o raio grupal da alma como o verdadeiro EU do ego. 5. Depois, a seu devido tempo, o raio da alma começa (na terceira iniciação) a fundir-se com o raio da Mónada, o raio da Vida. O iniciado superior, portanto, não é uma expressão tripla, senão dual. 6. Ainda assim, uma vez realizada esta dualidade, tem lugar o misterioso e indescritível processo chamado identificação, etapa final do desenvolvimento da alma. Resulta inútil agregar algo mais porque tudo o que poderia dizer-se só o compreenderiam quem se prepara para receber a quarta iniciação e este tratado está escrito para discípulos e iniciados de primeiro grau. Nesta série de etapas, temos um vislumbre do que somos e podemos ser. Numa forma constante, o propósito no desenvolvimento das nossas próprias almas ("esses anjos de 10 persistente e incondicional amor") teríamos que controlar mais plena e profundamente e isto deveria ser o nosso mais firme propósito a qualquer custo e sacrifício pessoais, para o qual deveríamos esforçar-nos real e sinceramente. Consideramos, portanto, as três grandes divisões que marcam o progresso da alma até ao seu objetivo. Pelo processo da individualização, a alma chega a uma verdadeira autoconsciência e perceção nos três mundos da experiência; o ator no drama da vida domina a sua parte. Pelo processo da Iniciação, a alma chega a ser consciente da natureza essencial da divindade. A participação plenamente consciente com o grupo, e a absorção do pessoal e individual no Todo, caracterizam esta etapa no caminho de evolução. Por último, chega-se ao misterioso processo em que a alma é absorbida de tal maneira na Realidade e Síntese supremas, mediante a Identificação, que até a mesma consciência do grupo se desvanece (exceto quando se recupera premeditadamente o servir). Então, não se conhece nada mais que a Deiade -não existem separações entre as partes nem sínteses menores e tão pouco divisões ou diferenciações. Poderia dizer-se que durante estes processos, três correntes de energia atuam sobre a consciência do homem que vai despertando: a. A energia da mesma matéria, ao afetar a consciência do homem espiritual interno que emprega a forma como meio de expressão. b. A energia da mesma alma ou Anjo solar, à medida que se verte sobre os veículos e produz uma energia recíproca na forma solar. c. A energia da mesma vida, frase sem sentido e que só os iniciados da terceira iniciação podem captar, pois as descobertas da ciência moderna não dão uma ideia real da verdadeira natureza da vida. A vida ou energia essencial, é algo mais que a atividade do átomo, ou desse princípio vivente que produz a autoperpetuação, a reprodução, o movimento, o crescimento e esse não sei quê peculiar que chamamos vivência. Talvez seja possível criar ou produzir o inferior ou terceiro aspeto da vida nos chamados laboratórios científicos, porém é impossível reproduzir ou criar os outros aspetos mais essenciais que atuam como resposta consciente, o embrionário propósito inteligente que parece animar toda a substância. O homem compreenderá por que é impossível isto, só quando chegue à terceira iniciação. Nada mais posso dizer, pois até que se experimente tal iniciação, não o compreenderão. Para trazer mais luz sobre o tema da tripla expansão da consciência (todas estas crises são aspetos de um grande propósito ou processo em desenvolvimento denominado individualização, iniciação e identificação; se deveria ter presente o que estas palavras significam hoje algo para nós -desde o ângulo da nossa atual etapa de evolução, cultura herdada, hábitos mentais e desde o ponto de vista das terminologias e conhecimentos modernos. Mais adiante, quando saibamos mais e a raça esteja mais iluminada, aparecerá uma luz totalmente distinta. Porém, considerando-a pela luz que flui dessa síntese maior e desde o ângulo da visão daqueles cuja consciência é superior e maior e mais inclusiva que a humana, a significação destas palavras pode ser totalmente diferente. Definir é, simplesmente, expressar a compreensão imediata da mente humana, portanto, a definição pode ser considerada imperfeita e até errónea, desde o ponto de vista de um conhecimento mais amplo e uma captação mais inclusiva 11 das totalidades (exatamente, no caso um pseudo feito), daí que toda definição e eventualmente todos os feitos são passageiros, e também que toda exegese vai perdendo o seu valor. As verdades fundamentais de hoje aparecem mais tarde como simples aspetos de verdades ainda maiores, e quando estas se captam, a significação e a interpretação do considerado anteriormente importante, resultará muito distinto do que se supunha. Isto nunca devem esquecer, os que leem este Tratado sobre os Sete Raios. Quando um iniciado lê as três palavras consideradas aqui, se forja uma ideia muito distinta da que poderia ter um discípulo ou pessoa que nunca tivesse estudado nem pensado sobre estes temas e nosso vocabulário resulta novo e estranho, tem pouco significado e é geralmente erróneo. A vida de Deus, que foi sendo submetida aos processos de crescimento, estímulo e desenvolvimento, nos três reinos inferiores, durante a individualização, foca-se no quarto reino da natureza, o humano, por meio de um "ciclo de crises", e se submete à influência da energia da alma num dos aspetos dos sete raios. A qualidade do aspeto forma, tal como está incorporada na personalidade e expressada na frase "o raio da personalidade", se submete à qualidade do raio do ego. Essas duas grandes influências atuam e se afetam mutuamente, desenvolvendo continuamente uma interação que produz modificações e mudanças, até que de forma lenta e gradual, o raio da personalidade não é tão predominante e o raio da alma assume firmemente o predomínio. Com o tempo expressar-se à o raio da alma e não o raio da forma. Logo, o raio da personalidade ou da forma, converte-se num simples meio de expressão através da qual a qualidade da alma pode fazer sentir poderosamente a sua presença. Parte do conteúdo desta ideia se fez na antiga frase oculta "a luz maior deve extinguir o fogo menor'. Isto pode observar-se simbolicamente no poder do sol quando aparentemente extingue o fogo ao irradiar sobre ele o seu calor. Anteriormente mencionei que poderíamos empregar as palavras Vida, Qualidade e Aparência, no lugar de Espírito, Alma e Corpo, pois expressam a mesma verdade. A qualidade da matéria com a que está construída a forma humana e habitada pela alma ou Anjo solar, é a que normalmente cobre a aparência. Posteriormente, esta qualidade inerente na aparência muda, e a natureza da qualidade da Deidade (tal como o expressa a alma) elimina a qualidade das formas. Durante a etapa em que a qualidade da matéria é de maior influência, essa radiação material faz-se sentir de três modos, os quais, considerados no que respeita a todo o processo evolutivo e até de onde concerne a personalidade humana, aparecem, sucessivamente, qualificando o aspeto da matéria com as suas três qualidades principais: 1. A qualidade da substância física. Nesta etapa de desenvolvimento as reações do homem são quase totalmente físicas e estão submetidos totalmente ao raio do corpo físico, etapas que têm as suas analogias na época lemuriana e no período infantil. 2. A qualidade do corpo astral. Rege ao individuo durante um largo período e, também, mais ou menos, às massas humanas. Corresponde ao período atlante e à etapa da adolescência. O raio do corpo astral é de grande poder. 3. A qualidade do corpo mental. No que concerne à raça humana, esta qualidade só começa a adquirir poder na raça ariana, à qual pertence a nossa era; corresponde à etapa da adultez no individuo. O raio da mente tem uma relação muito estreita com o Anjo solar, e existe uma afiliação 12 peculiar entre o Anjo da Presença e o homem mental. A interação e inter-relação cultivadas e profundamente arraigadas, ainda que com frequência não reconhecidas, produzem a unificação da alma com o seu mecanismo, o homem nos três mundos. Desde o ângulo destas três influências de raio, temos (na vida do aspirante) uma recapitulação do triplo processo que poderíamos denominar "um processo de desenvolvimento das consciências lemuriana, atlântida e ariana". No caminho de Provação, o raio do corpo físico deve subordinar-se aos poderes que emanam desses raios egoicos que fluem desde a fileira externa de pétalas do loto egoico (consulte-se o Tratado sobre Fogo Cósmico), as pétalas do conhecimento. No caminho do Discipulado, o corpo astral é subjugado pelo raio da alma à medida que flui desde a segunda fileira de pétalas, as do amor. No caminho de Iniciação, e até à terceira iniciação, o raio do corpo mental é subjugado pela força às pétalas do sacrifício, que estão na terceira fileira de pétalas. Assim, os três aspetos da personalidade são subjugados pela energia que emana das nove pétalas do loto egoico. Depois da terceira iniciação, a completa personalidade, composta dos três aspetos, se faz sensível à energia do fogo elétrico puro ou vida, à medida que flui através do "casulo fechado que se cria no coração do loto egoico". O valor desta informação consiste em que proporciona, simbolicamente, um quadro sintético do desenvolvimento e das relações superiores do homem. O seu perigo radica na faculdade que tem o intelecto humano de separar e dividir, de que ali se considere que o processo se desenvolve em etapas sucessivas quando, na realidade, se leva a cabo uma atividade paralela e também muitas superposições, fusões e inter-relação de aspetos, raios e processos, dentro de um determinado ciclo de tempo. Tal é o programa para a humanidade no que respeita ao desenvolvimento da consciência humana. Em última análise, toda a ênfase do processo evolutivo se coloca no desenvolvimento da consciente e inteligente perceção da vida que anima as diversas formas. O estado exato da perceção depende da idade da alma. Contudo, a alma não tem idade desde o ponto de vista do tempo, tal como a humanidade o entende. É imortal e eterna. Perante a alma, passa o caleidoscópio dos sentidos e o drama da existência fenoménica externa; porém, através de todos estes acontecimentos que sucedem no tempo e espaço, a alma sempre mantém a atitude do Espectador e do Observador que percebe, observa e interpreta. Nas primeiras etapas, quando a "consciência lemuriana" caracteriza ao homem fenoménico, o aspeto fragmentário da alma, que mora na forma e a anima e implanta no homem qualquer consciência verdadeiramente humana que possa colocar, se faz inerte, incipiente e desorganizada; não possui mentalidade, tal como a compreendemos, e só se caracteriza pela identificação total com a forma física e as suas atividades. Isto é um período de lentas reações tamásicas ao sofrimento, à alegria, à dor, ao compromisso, à satisfação do desejo e à intensa ansiedade subconsciente de evoluir. No transcurso das vidas se acrescenta na forma lenta a capacidade de identificar-se conscientemente e aumenta o desejo de um maior campo de satisfações; a alma que mora e anima, oculta-se mais profundamente, e é prisioneira da natureza formal. Todas as forças da vida se concentram no corpo físico e, em consequência, os desejos que se expressam são de ordem físico; há também uma acrescentada tendência a ter desejos mais subtis como os que evocam o corpo astral. Gradualmente, a identificação da alma com a forma se transfere desde a forma física à astral. Até aí não há nada que possa denominar-se personalidade. Existe só um corpo físico vivente e ativo, com os seus 13 desejos, necessidades e apetites, conjuntamente com a transferência lenta, porém constante, de uma mudança da consciência, do veículo físico ao astral. Com o tempo, quando esta transferência tiver sido levada a cabo com êxito, a consciência não se identifica totalmente com o veículo físico, senão que se centraliza no corpo astral-emocional. Então, o foco de atenção da alma, atuando através do homem que evolui lentamente, reside no mundo de desejos e a alma identifica-se com outro mecanismo de resposta, o corpo de desejo ou o astral. A sua consciência converte-se, então em "consciência atlante". Os seus desejos não são já tão vagos nem incipientes, pois até agora só concerniam as necessidades e apetites fundamentais -primeiro, o instinto de autoconservação; segundo a própria perpetuação pelo compromisso de reproduzir-se e, em último lugar, a satisfação das necessidades económicas. Nesta etapa, temos o estado de perceção do menino e do selvagem. Ainda assim, de forma gradual, se vai produzindo uma crescente compreensão interna do desejo e se põe menos ênfase nas satisfações físicas. A consciência começa a responder com lentidão ao impacto da mente e ao poder de discriminar e eleger entre vários desejos; então começa a capacitar-se para empregar o tempo de forma algo mais inteligente. Começa a sentir prazeres mais subtis; os desejos são menos brutos e físicos; aparece o desejo pelo belo e um ténue sentido dos valores estéticos. A sua consciência faz-se mais astral-mental o kama-manásica (sete princípios da consciência) e a tendência das suas atividades diárias ou modo de viver e o seu carácter, tendem a expandir-se, desenvolver-se e melhorar-se. Ainda assim, segue dominado, durante a maior parte do tempo, por desejos irracionais, o campo das suas satisfações e desejos sensoriais é menos animal e mais definidamente emocional. Começa a dar-se conta dos seus estados de ânimo e sentimentos; o invade um vago desejo de construir a paz e a ânsia de encontrar esse algo nebuloso chamado felicidade, fatores que começam a desempenhar a sua parte. Isto corresponde ao período da adolescência e ao estado de consciência denominado atlante, o qual constitui a condição das massas nos tempos atuais. A maioria dos seres humanos continua sendo atlante, puramente emocional nas suas reações e no seu acercamento à vida. Estão ainda regidos predominantemente por desejos egoístas e por impulsos instintivos da vida. A nossa humanidade terrestre segue estando na etapa atlante, enquanto os intelectuais, os discípulos e os aspirantes do mundo, vão superando rapidamente esta etapa, pois conseguiram alcançar a individualização na cadeia lunar, e foram os atlantes do passado. Os que trabalham hoje no mundo deveriam ter muito em conta estes feitos e em sequência, se desejam valorizar corretamente o problema mundial, guiar e ensinar devidamente aos povos. Generalizando, deveriam também compreender que nas massas submergidas não há verdadeira mentalidade com a qual trabalhar, e necessitam ser orientadas até ao realmente desejável mais que até ao verdadeiramente razoável; o esforço de todos os que ensinam deveria estar focado em dirigir corretamente a energia do desejo expressado pelas massas incultas e facilmente influenciáveis. As pessoas mais evoluídas do mundo possuem um corpo mental ativo, e isto sucede em grande escala na nossa civilização ocidental. A energia do raio ao qual pertence o corpo mental começa a fluir e se vai afirmando lentamente. Quando isto sucede, a natureza dos desejos é controlada e, em consequência, a natureza física pode chegar a ser um instrumento mais definido dos impulsos mentais. A consciência do cérebro começa a organizar-se e o foco das energias a transferir-se gradualmente desde os centros inferiores aos superiores. O género humano está atualmente desenvolvendo a "consciência ariana" e alcançando a maturidade. Nas pessoas mais evoluídas temos 14 também a integração da personalidade e o controle definido do raio da personalidade e, com conseguinte fechamento sintético e coerente dos três corpos fundidos em uma unidade ativa. Logo, a personalidade converte-se no instrumento da alma. O que antecede é uma exposição simples e direta de um largo e difícil desenvolvimento evolutivo. A sua mesma simplicidade indicará que só foi sendo tratado em amplos delineamentos, omitindo os infinitos detalhes do processo. O trabalho inicia-se com a Individualização e continua através das etapas finais, a Iniciação e a Identificação. Estas três etapas marcam o progresso da consciência da alma desde a identificação com a forma até à identificação com o EU. Estas três palavras -individualização, iniciação e identificação - abarcam todo o processo da carreira do homem desde o momento em que entra no reino humano até que sai desse reino na terceira iniciação e atua livremente no quinto, o reino de Deus. Para então ter aprendido que a consciência é livre e ilimitada e que pode atuar na forma ou fora dela, segundo o mandato da alma ou de acordo a como pode servir melhor ao Plano. Então a alma já não está condicionada pela forma. Assim como o homem pode expressar-se no que se denomina de vida tridimensional, ao receber a terceira iniciação pode analogamente atuar ativa e conscientemente em quatro dimensões e, nas etapas finais do Caminho de Iniciação, chegar a estar ativo na quíntupla dimensão.
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