Al Qabri Ramos
Elegia à elevação torácica
(com diadema triunfal)
(Teoria)
cantar a língua até que doa,
sem rima ou ansiedade
tesão, desejo, frenesim?
Nunca mais tive e
os cabelos brancos em desalinho
os olhos de antes ainda recordam,
na posição de semicerrados
Como num fado ou oração,
Os lábios de carmim
As pernas, abertas
Dor, a rosa caída no chão.
anos depois, ainda alojada
Ad-hoc em perigo de morte
no poema já estéril
de uma página de autor.
O amor?
Nunca mais vi, tal como ao sexo.
caem as pupilas no meu vestido
despido, alinhado com a rosa,
diadema em construção
no umbral do nosso incêndio
(Prática)
Foderam como animais,
perdidos para os instintos
no cheiro de memórias antigas,
Das iniciais!
Não acreditavam esquecer
fúria, fome, angústia, reflexos
d'essa impossibilidade!
Jamais.
Sedentos, olhos colados
à pele dos olhos da pele do outro.
Íris afundada na íris, oval semicerrada.
-Quero-te! - (discurso dispensado)
Ergue-se a espada, mão na cintura
danço e roço, nado sem pé, segura
travão, dilema, paixão
gozo, gemes e desmonto
a jusante da loucura
Grunhidos e fonemas, teorias e enclaves
constatações que significavam
"foder" ou "comer" ou "sangrar" e
todo o resto era derme arrepiada
na derme a escaldar.
Sexo irrompe caudal, lascívia,
corrupio rio de esperma.
E fome da fome toda
de comer e querer mais
Suspiros, suor, cansaço
fim de um tempo comprido
se o tantrismo vem de tanto,
na abundância do desejo
(Pirueta à retaguarda e em conchinha)
- Dá-me um abraço - sussurrei.
E uma estranheza de gente tomou conta do espaço
Nos braços do outro, toda a eternidade se encolhia.
Amanhã não se previa, não naquele cheiro, naquele corpo,
naquela dimensão química de momento
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