Mercedes Sosa & A vida


Gracias a La Vida

A voz dos Deuses comove o coletivo e, ainda bem que assim é.
Precisamos contagiar os sentidos de amor. De valores que nos vinculem ao progresso nos afetos. De reverter a inversão de valores a que fomos sujeitos. 
Nós não somos o que temos. Isso é aparência. Na realidade, nós não temos nada e tanto é assim que, nem a nossa vida é nossa. O botão on-off é ilusório ou não teríamos inventado a religião. Ela foi inventada pelos nossos medos avulsos, medo de morrer (Nietszche e o mito do super homem) e medo de morrer sós.
E, só aí, já estão premissas erróneas e seculares. Nós somos, efetivamente, imortais. Isso é quem somos. O que temos nós, se nem a vida que nos anima podemos determinar?
Este dito progresso só se encontra na tentativa-erro, tentativa-acerto. Mas não se iludam, não é a ciência que conduz a alma, mas antes ao contrário. Quem conduz a ciência é o homem e o seu desejo de cocriar realidades alternativas. Porque precisamos nós de alternativas se temos a religião? Sendo sarcástica, claro. A religião (religiosidade) é um placebo. Se nos tempos primordiais, ela serviu na sua dualidade, para incrementar a educação e o civismo, e por outro lado, para incrementar o medo e mais uma panóplia de coisas, porque em pleno século XXI continuamos a viver de crenças? Pratiquem o amor, eis toda a serventia da religião. Amem-se a si mesmos e amem os outros como a si mesmos. 
Cada lírica, cada sentimento expresso nos revela Deus. Deus é amor.
Percebo a ignorância, mas não entendo a continuação dela, o permanecer.
Ao pequeno-almoço, voltamos, eu e a minha mãe, às filosofias e à ideia de Deus.
A minha mãe não é ignorante. Nunca quis ser. Tem uma mente curiosa e é mental. Questiono-a sobre o princípio do mal. E apesar de, entre nós, existir uma diferença de idade de 23 anos, garanto-vos que não se nota. Estamos de acordo, também nesse aspeto. 
O princípio do mal é a ignorância. Não são os objetos do conhecimento, mas antes a escolha ou o permanecer. Remonta aos lemurianos. 
Sempre acreditei que o paraíso era aqui mesmo, bem como o inferno, hoje sei que são chavões para dizer que somos felizes ou, por outro lado, vivemos o inferno em que nos colocamos e que nos deixa infelizes. Na realidade, na minha, claro está, somos o que comemos, o que pensamos e as atitudes que tomamos. Somos, mais do que o ser bio-psico-social, o interventor de mudanças e de criações (e também de destruições). Não mais que isso. Não há seres superiores e nem inferiores, neste plano corporal. Digo-vos que é mais ignorante o que não quer aprender que aquele que não teve como o fazer. Na província, podemos ver esses nichos ancorados em religiões, no álcool, na vitimização, no coitadismo. As virtudes do ser humano não estão nas religiões, mas na nossa procura pela evolução. Tornamo-nos melhores pessoas quando é connosco que competimos e não com os outros, é a única forma de evolução para mim. Muitos somos os que não nos realizamos a competir com os outros. Somos todos Deuses, enganados e confusos, procurando a evolução nos equívocos. Aprendi que, um homem, só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo, para ajudá-lo a levantar-se (Johnny Welch). Todos temos a capacidade de cocriar a nossa realidade, todos, sem distinção. Refiro-me também aos que tendo nascido com deficiência, atingem evolução. E superam-se a si mesmos. Isso sim, é um verdadeiro mérito para o todo, a humanidade necessita de desafios para se superar a si mesma. 
Nem todos querem o bem próprio e dos outros. Nem todos querem o bem dos outros. Nem todos querem o seu próprio bem. O mais triste e feio é o ignorante que escolhe, por preguiça e por "n" de outras razões, ser ignorante, pois esse vive do mal e espalha o mal aos outros, seus próximos. As crenças religiosas são medonhas e sérias e recalcam o que temos de pior. O pior não é o católico que acredita em Deus, esquecendo-se que ele próprio é deus, o pior mesmo é aquele que vai à igreja porque viu os seus semelhantes fazerem o mesmo, num copy paste. E que saindo do da casa do "seu" Deus, continua a proceder malignamente contra o seu semelhante. Oiço-os responder à pergunta se é religioso, ah sim, sou católico, embora não praticante. É o mesmo que dizer sou sensível, mas uso de violência, ou sou vegetariano, mas como carne de animais ou ainda, sou livre, mas vivo numa prisão. Nós somos o que pensamos. 
O progresso é necessário para a evolução. Nós não somos o que os nossos pais, avós, bisavós foram. Isso foram eles. Que nasceram numa época completamente diferente, do ponto de vista climatérico, social, político, económico e tantos outros degradés. Precisamos questionar quem somos, afinal. Se essa mistura explosiva de ignorância e progresso, ou se antes um ser novo, que se desafia diariamente, que tem as suas ideias próprias e que procura extrapolar dentro da sua realidade, numa constante evolução. Os patamares da ignorância existem, aliás, existem patamares para tudo e mais alguma coisa. Viver hoje de ideias ou ferramentas de há 100 anos atrás não nos traz serventia. O conhecimento é desafiador. Já a ignorância é um pântano, fétido, de águas paradas, onde os sentimentos e ideias se misturam e produzem doenças.
É da ignorância que provém a inveja, a raiva, o ódio, o desprezo, o preconceito e a própria guerra. O futuro da humanidade não pode ficar comprometido pela meia dúzia de gente ignorante que decidiu permanecer nas premissas lemurianas e que acaba por "altercar" a realidade de outros. A vida prossegue. Tomara que a consciência (que é um órgão individual e coletivo) possa infetar a todos. Os mais velhos partem, desadequados, levando os seus sentimentos negativos atrás de si. E as suas sementes que progridam e avancem. Não há tempo para experimentar mais guerras, nem construir "paz podre". A paz é o caminho. O amor é o destino. 
A terra que habitamos, ela própria tem alma. Cada ser que existe transporta realização e plenitude. Possamos caminhar no sentido do verdadeiro progresso. E ele não tem que ver com o que vivemos agora. A religião, a televisão, a informação, a política nacional e mundial, as distrações não combinam com o ser, convergem, mais do que tudo para o "cancro" social! Este mundo vive de aparências e minudências que não satisfazem a alma e é a ela e por ela que viemos realizar algo para o todo. Acordem pois já é hora. Duvidem de tudo, desafiem-se a si mesmos e acordem. Acabou o infantário. Está na hora de crescer. 


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