Matza di Lourde & Johnny Clegg and Savuka

 


Scatterlings of Africa
1987



Reino da hipocrisia
(antídoto da realidade)

 


  não ondulem a nossa paciência e deixem-na quieta em descanso, 

como se em vinha d'alhos pudesse atingir o ponto do não-descambamento

que isto de andarem a inventar novas formas à democracia, a simulação

é coisa velha que cheira a mofo; 


 e os donos do mundo escravizam crianças e aos grisalhos, metem-nos amordaçados 

nos asilos, como peste que só importa em dia de eleições; 

as trafulhices e bancos, banqueiros, gestores, diplomatas e empresários distintos - 

porque usam gravata e estão isentos e nos grandes assaltos em negócios legais 

que vão além do nosso conhecimento, de uma opacidade que nos provoca e nos magoa

os interesses políticos e económicos a par com as injustiças e 

disparidades que nos matam devagar, 

e nós que treinamos por anos e anos o pacifismo e a intervenção de sofá.


Mansos, que vivem entre futebol e putas, entre negociatas 

e fundações desumanas;

A caridade continua a ser mediática, disfarçada de solidariedade,

um tapete de fariseus na entrada da nossa sala mais liberal

Neste treino de autocontrolo, perante a ineficácia, nos 

revemos só impulsos e ímpetos

de esganar toda a solene hipocrisia. já vos disse, 

não lhe mexam, não lhe bulam,

não lhe toquem, na era dos tansos e tachos, 

há que provar do mesmo que nós

que andamos há décadas a ensinar-lhe mezinhas 

e pozinhos de perlimpimpim


e demos tapetes vermelhos 

e temos vergonha porque eles já não têm; 

nem sentido de Estado e nem carácter. 

a democracia doente come na suja pocilga, 

alimenta e subsidia a sua própria família, amigos 

e outros que tais, protegidos do sistema


 desmancha-se a esperança entre novas e velhas crenças, 

cunhas, compadrios e berbicachos

Nunca o homem social foi tão porco e soberbo como hoje, 

tão próximo do seu abismo pessoal.




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