Eldina Milagros
Ilusão nebulosa
De rompante,
a primavera esgueirou-se,
entre o brotar das flores,
das pascoelas e dos jarros,
e as fontes de águas claras!
Calor e canto de pássaros
ambos calados pela chuva
que, incessante e violenta,
batia contra as janelas
e a minha rouquidão,
majestosa e magenta,
a voltear as cinzas
da salamandra
aquecendo os espaços, e
teimosamente
a buganvília rompia
e nesta época de brotos
Deus adiava o tempo quente
para uma época à frente
o sacudir dos tapetes
as promessas de rio,
no rasgar de crédito
os sonhos do verão cálido!
guardei os vestidos quentes,
e junto deles, soluços e estalos
Que ilusão esta
de segurar o tempo
na mansidão dos apelos
de noites de lua mansa,
que soavam a desafio
e cá dentro, eternos duelos
E dos agravos, feito chumbos
cravos de abril no peito,
rosas murchas e espinhos,
sem aviso e com deleite
de todos os deuses pagãos!
Haveremos de aprender a
soltar o controle e as prisões
a viver só de presente,
a esquecer passado e futuro
nesta conjunção atual
de presumir estações,
de viver entre os
expirados seguros
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