All animals are equal, but some animals are more equal than others



Boa tarde. Hoje fui "incomodada" por uma doadora, só porque levantei uma questão de um livro que ando a reler de um autor recentemente ido. Essa "persona" dizia ser terminal e que tinha uma fortuna para me doar. Assinava ao meu comentário com o seu email.
Eu sou pobre, mas não abusem de mim. Não tenho preço, ou terei?
Se tiver, é um preço alto demais para qualquer herança! E quando mexem com a minha dignidade, eu solto o verbo. 
Ontem sonhei que andei pelas Filipinas, pelo Bangladesh, no Cambodja e no Brasil, "obrigavam-me a assistir" a cenas de violência doméstica gratuita, numa delas, uma casa humilde de soalho de madeira em que os pregos estavam erguidos, fazendo o piso irregular. O homem arrastava a mulher pelos cabelos, ela acocorada no chão, deixava-se arrastar, colocando o resto da sua força na defesa, tentando que o homem não lhe fizesse um escalpe nos cabelos e, no arrastamento, as suas pernas eram golpeadas pelas cabeças de pregos do chão, o sangue esguichava, mas os grunhos dele sobrepunham-se aos gritos de dor dela. Os filhos de ambos, adolescentes, tentavam sair da cozinha e o homem arremessava um facão para a porta, de modo que esta fechasse e isso barrasse a saída dos filhos. O sangue espalhava-se como um rio de águas densas e escuras, enquanto aquela mulher ganhava uma outra cor, a cor da morte, enquanto os filhos testemunhavam, sem poderem impedir, a morte de sua mãe. 
O que nasce da violência não são flores. E poder-se ia dizer que a violência era estéril. Se tal correspondesse à verdade, mas não! A violência nunca gera apenas e só esterilidade. Os frutos dela são amargos. E jorram ira, raiva, medo, enfim, monstros que gostaríamos de não conhecer. No Brasil, vi coisas igualmente feias, onde adolescentes que haviam convivido com a violência numa base diária, sofriam as consequências disso via drogas pesadas e polícia militar. No rio Nilo vi as águas ficarem manchadas com todas as vítimas da violência gratuita. Não, obrigado. Hoje, quando acordei, fui banhar-me de música e de café, tentando apagar as imagens dilacerantes que assisti durante a noite. O poder da música e a música que pode tanto, não me permitiu esquecer o que assisti. A podridão é um bicho rastejante, qual polvo, tentando colar-se às dermes de qualquer um que se lhe atravesse no caminho! 
E esta noite sonhei-me noutras latitudes. O crime resvala e engorda os criminosos. Eles hão-de tombar. E os Pink trouxeram o mote. Vi o concerto dos Pink ao vivo, em Alvalade. Em 94. Este mesmo, os Porcos. E eu sei que o David Gilmour conhece os porcos e que os quis retratar, sem necessidade de ir rebuscar a contemporaneidade de Orwell, mas eu digo que não fica bem retratada. Era necessário capturar o cheiro da morbidez da violência, da mentira e da fraude. Tudo isso tem cheiro e é o mesmo cheiro da morte! A morte pode não trazer a mesma forma, mas acreditem que o cheiro é o mesmo! A morte nestes cenários tem o cheiro de todos os chiqueiros do mundo! E não sou o grande Martin Luther King mas eu também tenho sonhos bonitos para a humanidade e nenhum se compadece da progressão da mentira e da violência grotesca da ausência de valores de integridade, da ausência da ética. A empatia é o valor acrescentado. Tolerante com os erros assumidos, porém incompatível com a mentira!
E sonhei que os mentirosos caíam todos! que as pedras iriam parir a verdade ao serem arremessadas e isso faz-me lembrar uma outra fábula que condiz com o ditado popular das comadres que, ao se zangarem, fazem parir mentiras e algumas verdades. Eu já comprei bilhetes. O show está quase a estoirar. Um outro ditado se me ocorre. O crime não compensa, mas ainda há quem acredite que sim e até invente Alzheimers e outros que tais. Em matéria de ilegalidades, a coisa vai ficar exposta e espero não vir a ser incomodada por nenhuma força política. Os porcos são dos Pink Floyd e antes disso, já eram do George Orwell.
E quem conhecer mais porcos, feios e maus, atire a primeira pedra. 
Depois de todos os animais bípedes serem apanhados nas suas próprias inglórias, haveremos, quiçá, redescoberto o princípio da empatia. 
Até lá, aguardem, sejam pacientes, inventem o que fazer. 
A verdade vos libertará. 


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