Laura de Jesus


 foto pessoal


Lost humanity

Na busca que faço em mim,

à parte de retrocessos - 

alguns bem penosos

do criminoso que volta 

ao lugar do crime -

fiquei refém de nós. 

O coletivo sobrepôs-se 

aos dois, em mim.


 

Na busca pessoal e íntima, 

encontro-vos a todos, 

instalados nos sofás junto 

à lareira, álbum dos dias ,

vivos e defuntos

que venho ganhando, 

neste ajuste final de 

contas da vida,

sentindo-me a louca 

da casa num universo 

de tolos.


 

Como pedir ao tempo, 

mais tempo ou 

uma pausa que não seja 

pra correr mas antes de parar.

Pausem-me a vida. 

Cansada ando eu de 

carregar mortos e porquês.


 

Hoje vou à estética da beleza 

e os rios permanecerão 

como os vi, 

alargando margens e 

crescendo pontes,  

engordando esperanças

e sempre prenha de novas expectativas. 

Todos os pássaros

condescendem e voam 

sempre mais alto. 

Que lhes seja eterno o voo.


 

O mundo não espera por nós 

mas eu imploro-lhe uma pausa.

Que me não pressionem a expressar dores, 

essas substituí-as por flores.

Sou escrava da natureza, 

viciada em beleza e harmonia. 

E quando me uno a ela, sou ela e ela em mim. 


 

                                          Só ela me faz acreditar 

na humanidade que, 

deserta das suas propriedades,

se banhe no mar, 

esse grande vulto que 

nos não deixa esquecer a origem. 

E esta é a minha mais doce utopia

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