Ronelda Kamfer
UMA MANHÃ AZUL COMUM DE SEGUNDA-FEIRA
era uma manhã de segunda-feira azul comum
em algum lugar uma mãe foi identificar o cadáver de seu filho
eu lavei, escovei meus dentes e terminei minha tarefa de biologia
na geladeira havia um bilhete da minha mãe
me pedindo para não fazer o breyani muito picante esta noite
minha irmãzinha estava procurando suas meias e
por volta das sete e meia tranquei a porta da frente
e escondi a chave no lugar de sempre
no café comprei dois cigarros soltos
e escondi na minha meia
na esquina da Wildflower com a Rose Street
uma garota fez piadas com ela futuros assassinos
na minha cabeça Dylan Thomas gritou
não seja gentil naquela boa noite, raiva, raiva contra a morte da luz
na aula de educação sexual a minha
melhor amiga grávida começou a sangrar
lá fora na rua alguns tiros soaram no
meu primeiro intervalo havia um cadáver na School Street
um aborto espontâneo na minha sala
uma extensão do trabalho de biologia
e uma mulher a correr pela rua gritando
e perguntando ao Senhor
'onde estava José quando Jesus foi crucificado?'
© 2008, Ronelda Kamfer
De: Noudat slapende honde
Editora: Kwela, 2008
© Tradução: 2021, Robert Dorsman
Publicado pela primeira vez na Poetry International, 2021
Comentários