Cristina Guedes & Eckart Tolle
A meditação é uma ferramenta. Não, não é como um martelo ou alicate, não é um multímetro e nem sequer uma bateria onde podes ir buscar combustível para continuares. É bem mais do que isso. É a ferramenta mais acessível que te leva ao processo EU.
Todos nós conhecemos pessoas que são cem por cento matéria, que vivem ligados ao físico, a esta "realidade" científica de cimento e concreto e, quando muito, se libertam na música, na pintura ou dança. Mas todos nós lá chegaremos. Ao éter. Ao todo. Ao nada.
O exercício que te conduz à meditação, mais do que mera curiosidade, é ouvires ou teres ouvido a voz interior, os monólogos que te dizem: eu sou este ou sou assim. Tu não és esse e nem és assim. Isso é o EGO. Tu és antes e depois e também durante. Tu ÉS.
A dor, a solidão, a inveja, o conflito inexplicável, a tortura à tua volta, a fome, o medo, a insegurança, a saudade e o mistério, todos estes quesitos te podem conduzir a quereres saber mais de QUEM ÉS. Todos eles te podem afastar disso mesmo. Uma vez começada esta jornada, não há forma de ser interrompida. A consciência. E a consciência alarga. Tal como um estômago que alimentas vorazmente e cresce, tal como um cérebro que perante o desconhecido ensaia e aprende pelo erro, pela experiência, jamais voltará ao mesmo percentil.
Meditar torna-se "viciante". Quanto mais sabes de ti (e dos outros) mais descobres que não sabes nada. E esse processo de humildade perante o todo, faz-te despojar de preconceitos que carregavas ou carregas, de lixo existencial que acreditavas ser teu ou necessário.
A meditação "esvazia-te" do desnecessário. Conduz-te à luz da questão: Quem És Tu?
De Eckhart Tolle em Um novo mundo:
" Uma parte crucial do despertar é o reconhecimento de um eu adormecido, o ego que pensa, fala e age, bem como o reconhecimento dos processos mentais condicionados coletivamente que perpetuam o estado de adormecimento. Em virtude disso, este livro revela os principais aspetos do ego e o modo como operam a nível individual e coletivo.
Isto é importante por duas razões relacionadas entre si: a primeira é que, se não conhecermos o mecanismo básico de funcionamento do ego, não seremos capazes de o reconhecer e ele continuará a maquinar estratagemas para nos levar a identificar-nos com ele. Isto significa que ele se apodera de nós, que é um impostor a fazer-se passar por nós. A segunda razão é que o ato de reconhecimento em si é uma das formas que dá origem ao despertar. Quando reconhecemos a nossa falta de consciência, o que torna esse reconhecimento possível é a consciência em desenvolvimento, é o despertar. Não podemos lutar contra o ego e vencer, tal como não podemos lutar contra as trevas. Não é preciso mais nada. Apenas a luz da consciência. E você é essa luz."
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