Laura de Jesus
Anoitecemos de sizo
Perdemos a cabeça.
Anoitecemos, foi isso.
quando nos abraçamos,
numa maré de desafios,
e nos desesperamos
do cheiro do outro,
da proximidade do outro,
do sorriso.
Perdemos a cabeça.
perdemos o juízo
quando muito veloz
enfrentamos de indicador
no nariz o outro, agressivos
e as palavras armas em punho;
do rio que fomos nós
sobram duas margens.
Meu amor, perdemo-nos
do que era o outro.
Tristeza impressa
E nada nos salva, nem
o silêncio, algoz cozinhado
pela precipitação
e feito na pressa.
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