Alma Novaes
Nostalgias de Outono
Cai a folha no chão
cai a cor do olho,
o cabelo, o selo
cai o vosso nome
no tempo do esquecimento
cai com força, a chuva
lá fora, o vento,
a dança das árvores
com assombro, um novelo
as tempestades trazem
regozijo no depois
depois, depois
eram quatro
hoje nem dois
fico por aqui
ensimesmada
e delicio-me neste véu
que descortina
o que está oculto.
eu desvelo
a nudez dos meus
no sorriso permanente
dos que se foram
ficando em mim
e os meus olhos
são lavados
pelas tempestades
ancestrais
não há nunca dois
seres iguais.
enquanto eles
olhavam o presente
os meus olhos pousavam
no ausente.
e eis que o ausente
se tempestuou
e eis que a minha mirada
sequer se perturbou
Vénias e abraços
vos deixo
e nos meus passos
sereis gambiarras
eternas,
motivação, seixos e
o alimento da alma
neste momento em que
me tendes vós,
neste tempo
chamado agora
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