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February 27th, 2009



Sabemos que Portugal anda bera, bera mesmo! Tudo é mau e quando assim não é, ficamos desconfiados...

Há dias recebi um ficheiro (a ver se o encontro ainda no meu ambiente de trabalho pra o postar pra vossa apreciação) que mostrava empresas de sucesso aqui em terras lusas, por exemplo, de informática- software - de novas energias, de alarmes eletrónicos, de...nem sei, eram tantas e tão bem sedimentadas, com nome por cá e renome lá fora. Estranhei. Claro que sou uma ignorante, longe de estar a par de tudo o que se passa por cá. Como sabem, é fácil entrar-se no engodo, dentro de uma crise e dizer mal, afinal, isso vicia. Apontar o que é bom é mais complicado, o que se mantém estável é tão menos notório. Se há um campo onde nunca me queixei foi no universo dos sons. Temos excelentes músicos, excelentes compositores, excelentes vocalistas e solistas, enfim, temos música e músicos que não nos envergonham. E pra todos os gostos.

Ontem, enquanto o marido foi prás cerimónias no Casino de Espinho, eu fiquei-me perto, no auditório de Espinho. Havia a primeira parte do concerto de Rodrigo Leão. Não sei de que estava á espera, mas certamente não daquilo. Conhecia bem os vídeos e a maioria dos temas de Rodrigo Leão, quer do youtube, quer de cd's que correm no meu carro, em casa, etc. Sinceramente, achei que tanta qualidade era produto de laboratório, dentro de editoras na gravação in lab. Mentira. Entraram à hora, ele e Cinema Ensemble. A voz agradável, clara e forte, cheia, altiva e humilde de Ana Vieira. Um saber estar e ternura que não passa impercetível a ninguém. Os músicos, qual o melhor, todos grandiosos, geniais, desde a violinista ao violoncelista, a acordeonista (e xilofone player), desde o guitarra baixo, ao baterista/percussionista. Lamento não ter podido ouvir os nomes claramente. Creio que a voz de Rodrigo Leão foi abafada pelos aplausos merecidos e em simultâneo com a apresentação da banda. A qualidade esteve presente em todas as alturas, desde o instrumental, a cumplicidade e o "brincar" ou planar nos acordes, desde as pausas, o culto pelo silêncio e a orquestração de todos os instrumentos, tudo esteve divino. Não era de se esperar outra coisa de um membro como Rodrigo Leão que se destacou desde cedo, ajudando a fundar os Sétima Legião (que ainda hoje sentimos falta), passando por Madredeus. Hoje Rodrigo Leão está a solo, mas não se vê o rosto de um músico solitário, antes de um génio ocupado nas suas composições, capaz de produzir música que nos apaixona. Ouvir Voltar foi entrar numa espécie de transe, como se da primeira vez se tratasse. Hoje está a acontecer a segunda parte da apresentação do seu novo trabalho e eu lamento não poder estar presente. E lamento ainda não poder usufruir de todos os temas encontrados nos seus cd's. A lembrar um documentário cuja composição musical se deve inteiramente a ele é Portugal, retrato social, já postado por mim aqui no multiply. E Gente diferente, os portugueses, portanto. E da Rosa, quem pode esquecer? Tive o privilégio de a ouvir ao vivo, ontem :) E tenho pena por não ter cedido o meu bilhete a quem pudesse dele fazer bom proveito.  E mais pena que vocês não pudessem lá estar todos pra presenciar o que digo que fica sempre aquém da realidade, só comprovada em presença. Porto Vivo foi o blogue que mais justiça fez aos seus atributos do que tenho lido.

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