Se esta rua fosse minha

Hoje é um dia mais. Porém, não é mais um. Chove, ora copiosamente, ora ao de leve, temperando as nossas emoções. Na verdade, de acordo com elas. Ontem, iniciou a lua nova em Libra, curiosamente, conciliando com o eclipse solar. O meu nodo sul é em Libra, os meus augúrios estão corretos e a minha intuição idem. 

Aproximo-me do meu chamado. Forte. Sinto-o internamente, mas também no corpo e na alma. 

Tenho cinquenta e cinco anos! Demorou muito até chegar aqui. Há muitos anos que já queria ter chegado. A esta claridade de aceitação das estações, das fases, do eu verdadeiro dos outros, sem medo de ser quem sou. Sem vergonha, sem ódio, sem rancor, seja de mim ou dos outros. Muitos danos, perdas, roubos, dedicação e logro, fraude e estupro. 

Eis-me chegada na serenidade de mim. Sei quem sou. Sei o que quero. Sei como lá chegar. Vou chegar!

Não me interessam mais lenitivos, como se pudessem encapsular a dor, como se a capturassem numa foto e a enfeitassem de maquiagem. Não! Quero sentir a dor no seu auge para a poder deixar! Sei viver sem ela. Ela não subsistirá.

Preparo-me para o que vim fazer, afinal!

Aos que me conheceram, aos que não me valorizaram pelo que eu SOU, não precisam lamentar-se, rogar-me pragas ou ficar à espera que abra janelas! Encerrei-vos nas páginas do passado! Ficais lá, tal como quisestes e sois!

Já não moro lá! Nem me demoro por cá! Grata pelas lições de desumanidade, de hipocrisia e inimizade.

 Sou um pássaro a caminho da sua redenção. E já não dói! Aos que me acompanham agora e aos que já me acompanham e comigo permanecem, grata pelas experiências e reciprocidade. Viver sem isso é, somente, sobreviver.

Escutem a chuva. É o meu coração a bater certo numa estrada que é minha, que desbravei para mim.

O mundo continua infetado pelas expressões doentias humanas. Não sou daí.

Bom domingo no mundo!

Sou de lá.