Al Qabri Ramos
Alquimia espiritual
Nunca soube que tipo de alquimia
acontecia assim que chegavas.
Ok, teorias conheço muitas,
mas eu queria calcular,
esquadrinhar,
perceber e mudar,
alterar esse poder que
a tua presença me provocava.
Eu nada sabia da vida.
Da morte sim, da morte
eu conhecia os becos
mais iluminados aos mais
escuros e sombrios.
A alegria nem sequer era
conceito que pensasse merecer.
Se tanto já tinha sido feliz e
me fora arrancado a fogo e ferros,
o lampejo, a luz e
a silhueta do meu herói.
Nos teus braços eu vivi dois lutos,
um tão tardio, do meu pai e do meu irmão,
que conheceste e acompanhaste até ao final.
Compuseste uma música
que marcou esse 10 de Setembro para sempre,
porque para sempre era o que eu queria
e precisava na altura.
Teorizei para mim todos os "porquê eu",
porquê ele", porquê nós????
na fase de negação e, não ouvir,
na passagem do seu quarto, o coração dele
bater contra a almofada ou
o colchão foi o início do choque.
Teve que durar pouco essa fase,
não havia tempo para lamentar
muito mais, ele não voltava,
não era um pesadelo durante o render ao sono,
porque se prolongou no tempo, dia e noite.
E tu estavas lá, o Milo também, o teu pastor alemão, tu estavas lá inteiro e como eu estava precisada de ti. E tu soubeste ser o amigo compreensivo, o namorado atento, o amor que iluminou todas as ruas, rotundas, todas as células do meu corpo e alma. Tu e a música, ambas contribuíram para que vivesse esse luto enorme de perder o meu irmão.
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