Transporto esta memória escrita em Outubro de 2020



Que mudou mesmo?


 Apesar dos restos mortais de D. Sebastião não terem sido acreditados pelo povo idólatra, D. Sebastião tem que ter morrido, tal como Hitler, a madre Teresa e tantos outros. Nós tugas, quando acordamos com dia de nevoeiro, lá vamos nós à esperança estéril de um rei capaz de cobertura para a imortalidade para nos salvar da anexação a Espanha. Dizem muitos que dada a sua bravura, com um exército diminuto e tudo contra, enfrentou em Marrocos os mouros que queriam a todo o custo conquistar os territórios de Portucale. E tombou. Isto passou-se em 1500 e trocó passo, mas se não vingou D. Sebastião vivo, volta sempre o nevoeiro romântico que o encobriu. Séculos depois, continuamos à espera de um D. Sebastião quiçá mais velho e mágico que revitalize a nossa esperança e alegria num futuro sem medo. Sim, porque o nosso D. Sebastião bravo escorraçaria o covid para uma mouraria longe da nação.

O nevoeiro está aí, D. Sebastião não.
Os números deste exército de vírus crescem assustadoramente e se o Centeno pudesse ter conhecido a batalha de Alcácer Quibir, não falava em retomas de 8%... Diria Sebastião ao Cristiano Ronaldo da Economia que nevoeiro é semelhante a areia. Que as contas não batem certo. Que a economia vai ter retoma sim, mas só pró final de 2021, isto se o Corona resolver abrandar e ajudar à imunidade grupal. Confesso que os mitos são só isso. Mitos. E nós temos uma classe política mitómana, para não dizer esdrúxula, sequiosa de fazer prevalecer uma mentira e arrastá-la até à próxima pseudo verdade. Muitos restaurantes encerrarão portas definitivamente, muito comércio falirá e com isso indústria nenhuma escoará produtos. Se o pico desta vaga acontecer em Janeiro, qual retoma qual quê!?!? Estamos condenados a viver uma época de racionamento e de mendicidade. E nestas épocas, os únicos que sobrevivem são os que têm tachos garantidos, os grupos económicos fortes, os que têm acesso ao granel, a investimentos a fundo perdido, os políticos-advogados, magistrados, os gestores, os ceos da EDP, da Nos, da Meo, da Galp, os deputados disto e daquilo que acumulam funções de inutilidade, os cargos e patentes que todos conhecemos como Vips. E as Moças de Cosme, com tronchuda e cebolo, semelhas e tomate, feijão, porco e vinho ajudados pela vontade férrea e térrea de não passarem fome.
Somos carne para canhão. Sem ventilação, sem coragem para a participação ativa de oposição. De longe, covardes perto do D. Sebastião de rex de Portucale.
Diz o poeta Alegre, que há sempre quem resiste, há sempre quem diz não (haver há, mesmo que no seu currículo de homem político tenha perecido na sua história a traição à pátria). As verdades nunca o são inteiramente. Passam pelo crivo da censura, do dogma, do mito que o tempo envelhece e perpetua.
Ressuscite-se o sentido de Estado e a Vergonha, a Honra e a noção social de estamos todos no mesmo barco. Que este vírus que este planeta que este estado de consumo e aparências vos queime o chip de que está tudo bem e tudo ficará bem. Não está e nem estará tudo bem. Não é o mundo que tem de mudar, mas nós. E isso dá uma trabalheira danada. Os 8% de retoma económica contemplam a esmola gorda que se aguarda de fora, dos nossos 'parceiros económicos europeus' também eles em recessão? A janela do banco de Portugal deve ter vista sobre um mundo paralelo de offshores. Só pode! Vou atirar me à cafeína e acordar o dito Salvador do smog que importamos da lenda do Rex humanista. E ajudar a economia, degustando uma nata de Guilhufe, porque Belém é longínqua 🤒

Comentários

Mensagens populares