Chorinho I


Chego a casa, já perto das dez Venho ensopado da cabeça aos pés A meio caminho, furou-se um pneu Liguei p’ra assistência, ninguém me atendeu Há uma avaria no elevador Cai-me a mochila com o computador E eu subo a escada a olhar para o chão, Não há luz na entrada. Que dia de cão! Ai de mim! Que feitiçaria, macumba ou magia me tramou assim? Ai de mim! Que raio de fado, que azar, mau-olhado me enguiçou assim? Ai de mim! Vou à cozinha, há um tacho na mesa Tem massa de atum, não há sobremesa Jantaste sozinha e foste dormir Calculo o sermão que está para vir… A sala está cheia de pelos do gato E o raio do bicho estragou-me um sapato E eu entro no duche e abro a torneira Talvez aqui passe a noite inteira Ai de mim! Que feitiçaria, macumba ou magia me tramou assim? Ai de mim! Que raio de fado, que azar, mau-olhado me enguiçou assim? Ai de mim! Um banho quente podia ajudar Não fosse a hora de o gás acabar! Olho o meu rosto no espelho a aparecer Mal me revejo. Estou a envelhecer. E ao fundo do corredor, Eu vejo a porta do quarto entreaberta Vejo a luz do televisor, Sinal de que ainda estás, desperta Ouço, já pouco distante, A tua voz que do quarto me chama Encontro-te deslumbrante Em camisa de noite, à espera na cama! Assim, sim! Que feitiçaria, macumba ou magia caiu sobre mim? Assim, sim! Que fiz que levasse a que Deus te criasse perfeita p’ra mim? Assim, sim! Que feitiçaria, macumba ou magia caiu sobre mim? Assim, sim! Que fiz que levasse a que Deus te criasse perfeita p’ra mim? Assim, sim! x4

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