Marc Chagall & Alma Novaes

 


Marc Chagall, La Nappe Brodée


Gueixa


abrir a boca ao beijo

abrir as pernas ao segredo

que me vais contar com a mão

abrir o sexo à palavra quente

abrir-me em copas, ardente

deitar as pálpebras no cobertor 

da tua pele e beber mel

vou sentir-te distante

dentro de mim

abrir-te o desejo guardado 

e provar de ti a noite, 

o nosso ardor de tempo 

cozinhado

vou bordar um sem-nexo, 

mastigar o poema revelado, 

esgrimir esse teu sexo

Virás pedir-me pela manhã 

o café e a nicotina

sussurrar o amor em surdina

espreguiçar-me ei 

no teu abraço e, sem grande 

estardalhaço, 

enroscar-me novamente,

fazer do breve eternamente

e oferecer-me ao diálogo carnal 

das nossas mãos urgentes,

deslumbrar-me às com 

os mistérios do madrigal e, 

no teu sexo, eu 

mascaro-me de gueixa 

e serves-me uma 

e outra vez até esgotar, 

o Carnaval

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