Eneia Veredas & Staind
Mashkarah
Sobrevivemos do lado de fora
olhando dentro das vitrines,
observando a vida dos outros,
numa aprendizagem constante
entre ser autêntico ou ser menos
ser ontem, amanhã, agora.
medimos o risco de nos desvelarmos,
às vezes, atrevemo-nos a um brinde
mas depois ficamos na realidade alheia
com receio que não nos compreendam
e moldamo-nos de areia
protegida vulnerabilidade
e deixamos passar o tempo oportuno
um dia, um mês, um ano
postergamos a nossa essência
trai-nos o medo,
na nossa fisicalidade
e escondemo-lo, simulando
quem sabe, numa lua convexa,
que é o jeito que temos de fazê-lo
esta vida certa, complexa
parindo a ciência do receio
não nos cumprimos com desejo
rumando a nova encruzilhada
a um porto de luz
no nevoeiro da vida
que nos parece ser
o ansiado e derradeiro
mas é só mais um dilema
deste ensejo de aportar
entramos no próximo navio
e como lobos à lua,
adentramos alto mar
de presas fáceis que fomos
dos sargaços
enfermamos a esperança
voltamo-nos dentro
em dissecações e análises
monólogos e diarreias
e é só quando nos encontramos
e a âncora já enferrujada
que foi segurança e abrigo
depois infortúnio e jangada
solta-se, por descuido ou impotência
e resvala, expõe, revela a identidade
rasga toda a resistência
e ei-la, que se vê exposta
a nossa fragilidade
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