Nota de amor por mim mesma
Ou a chuva anda a transformar a natureza. Ou ambas, dentro de mim, neste mergulho profundo. Quando desci a rua, imaginei que ao voltar a subi-la, iria estar igual, como quem diz, a sensação de existência não havia melhorado. Mas não, e não há coincidências. Quando subi aquela ladeira (acima), trazia comigo a sensação de recompensa. Registei a ocorrência no telemóvel, não fosse dar-se o acaso de, perdendo a paciência, achar que tudo fazia parte do mesmo rol, mais à frente, mais ao lado. Gostei bastante de ver que as pessoas não são todas a amálgama que me tem sido dado a conhecer. Há gente, no meio de nenhures e isso muda tudo. As circunstâncias definem, mas não limitam, as vivências pesam, mas não são de grande monta, quando decidimos reformar a nossa identidade na sombra que os outros nos querem mostrar. E só por isso (e também por aquilo) já sou mais Cristina e tu mais "destino".
A música é o fundo do cenário que não rima com a nota acima, mas deixa o sabor da minha década a abalar, a abanar o status quo vigente. E eu hoje celebro, por fé em mim, o fim do mais do mesmo. Uma banda, entre muitas outras, que viram o seu percurso mediático, mas não por falta de qualidade e nem por falta de coragem. É que a década de oitenta produziu muita quantidade, esquecem-se disso, mas eu não! Do boom do rock português, cabe aqui aprofundar os quês. E dar nome e espaço à expressão musical que, por isto ou aquilo, não atingiu o patamar de igualdade e expansão. A lembrar muitos que se calaram, os Johnny Johnny, os Trabalhadores do Comércio, os Jafumega, os Rockivários, os Bichos da Seda, os Xeque-Mate, os Taxi, os GNR, os Clã, os Taxi, os Heróis do Mar, os Delfins, os Sétima Legião, Os Naifa, os UHF, os Alcoolémia, Lena D'Água Banda Atlântida, os tantos que não cabem aqui, porque são flores do meu jardim, que alimento. A música é em mim metade, a outra metade é sede de mais ouvir. E a bota há-de bater com a perdigota. Ou não me chame eu batota.
(Muito se pode escrever, com a desculpa impoluta, de colocar uma música, para não se dizer nada, a tal da demagogia)
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