Eneia Veredas
14.44
Quero tanto ver-te.
Desejo. E os dias passam e encavalitam-se
no calendário de vistos onde não estás,
da tua ausência contínua
e desta saudade sem guarida.
Quero ver-te. E olho, então, às escondidas
de todos os olhares, a tua foto,
onde a tua mão baila no ar,
entre o cinzeiro e a beirada da mesa,
o teu sorriso encena esta permanência,
a tua ternura à mostra, sem desbotes,
sem desgastes, em crescendo,
para esta ferida de te não ver,
entre o rosto do meu irmão e o meu olhar,
oculto pela câmara. Quero-te tanto ver-te.
Quero-te tanto. Quero-te.
Ainda anseio poder te beijar.
E o incêndio no meu peito
pelo desespero de te esperar.
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