Chico Buarque & Alberta Vileu

 



Neptuno aos 23º de Escorpião


Ainda não morri pra esta realidade

Ainda me encapricho no turbilhão

do teu nome, na tua saudade

Ah ainda não terminei

Vou levar-te a escorpião,

para morreres como eu,

 tu antes aos 0º do mesmo signo,

e pendurar-te na lua de touro

Revolver as entranhas deste

estranho mundo, feito agouro

que te roubou sem dó

ao nosso propósito, destino


Sem lá, sem fá, sem mi

sem dó sustenido, 

sem nenhum acorde

nem nenhum concorde

meu querido, sem nada de ti

que ainda assim, me transborde

Tu volúpia em lilith

eu meio do céu em áries

tu ressurges

vem comer o queijo 

e a marmelada,

Romeu e Julieta

beber os beijos que ilustrei pra ti

e eu de joelhos, espero-te

em prece. 


Parece mentira, não parece?

Não me desmotivam

os nãos

os grãos de mostarda

incentivam-me

a manter

as batidas

dentro do coração

que tens em virgem

e exaltado em peixes

Não, não deixes

que o incêndio te arraste

se consuma em alguma parte

que não seja em casa de água

vem, amor à casa sete

vou querer-te em marte

de Júpiter em Leão

aos 27º de Plutão no mesmo signo

e no teu meio do céu

Capricórnio

e Úrano em caranguejo

vem debater o teu sol

na conjuntura de mercúrio

pressinto justiça aos 

no sextil a marte

e num outro quincôncio

vem que eu tenho tanto 

a confessar-te

vem, antes que se faça tarde.



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