Johnny Johnny & Alter(c)ações deja vu
A janela aberta. Os lobisomens vieram esta noite. Ignorei-os. Evito altercações. Desejo alterações. Ouvi-os a cansarem a minha Kiri. Também ouvi o relógio bater as 4. Eu e todos cá em casa. Os festejos do evento de castanhas e jeropiga é tudo o que esta gente precisa para dançar e esquecer a vida diária, os compromissos. É a perspetiva obtusa ou sou eu a bater no ceguinho?
Até tarde, se enchem de enredos e empurram com a barriga os medos do amanhã. Penduram-nos no cacifo, antes de seguirem para a procissão, para o escapismo de evitarem se melhorar, se pensar. As escolhas do caminho.
A minha intuição está extremamente aguçada. Por isso, para me prezar, não vou dizer mais nada sobre.
A Sara partiu, da mesma forma que a Claúdia, que a Lourdes, com uma luz de fogo a irromper noite adentro, rumo ao firmamento. Uns partem e outros nascem.
O lume crepita no fogão, as batatas, a couve, o ovo e a cenoura, um nabo e uma posta de pescada. É hora de almoçar, de alimentar os desgastes quotidianos, de esquecer a malignidade com que a vossa natureza humana me teima em brindar.
Acompanharei este cozido com um belo sumo de laranjas do meu pomar. No campanário da capela das bruxarias aqui adiante, já bateu as 13h.
O meu espanto já se não vê
dorme comigo e vinga
até ao amanhecer
latente adormecido
eis que acordo
com esta mesma impressão
a mesma dor de lado,
o mesmo acontecer.
A cotovia e o noitibó
fizeram-se ouvir
junto com os passos
dos vossos logros
as feras da noite que o tempo
me há de distanciar.
Se me quiserem ver
a encolher de medo
terão que o fazer
noutra vida,
nesta vos quedo.
As rugas e as tareias
fizeram de mim guerreira,
perdi a inocência e a ilusão.
Não me arrependo
do bem que vos fiz
nem do mal que de vós recebi,
o perdão está lavrado
o mal não esquecido
e menos ainda continuado.
Sou outra.
Se me procurardes
morri, não moro mais
nessa outra que vos acoitou
que vos doou tempo, afeto
bens concretos e outros
de ética e moral comprovada.
Não me busqueis
quem sabe, vos possa
enfadar tanta racionalidade
e menosprezo
a minha poesia vos
contempla ainda
penosa e triste
sois o passado feio
o que me trouxe aqui
a este temp(l)o de paz
ao meu caminho do meio
Que as minhas virtudes
possam encontrar eco
e acrescentar-vos passos
para o vosso progresso
Aprecio os lobos bem mais
bem mais,
bem menos falhos no retrocesso;
Miseráveis cães de loiça,
que vos babais,
é chegada a hora dos vaticínios
gente desumana,
a cada qual o seu karma;
distância e esquecimento
agora, é tão só
o que mereceis de mim
Hipocrisias e afins
não se misturam com
quem não se ilude
da vossa natureza de chacais
que deixa tanto a desejar
na raça humana
A caravana passa e eu nela,
e os cães hão-de sempre ladrar.
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