Golpe de Estado ou só sai a ti (Society)?

  Sociedades/ Comunidades Inclusivas






Os retrocessos da humanidade obedecem a alguns defeitos: a inveja, a aparência e a competição, entre outros. A inveja é um bichinho sedento. Trabalha na mente, o fora, sem trabalhar o dentro, realmente. Nem a inveja, a gula, nem a competição, o postergar o todo, acrescentam, apenas o fazem malevolamente a uma minoria. A essa minoria sedenta de poder e prenha de desprezo pelo todo. 

Pecamos quando copiamos essa minoria. Destituímo-nos de uma causa, um propósito, somos a "maria vai com as outras". Perdemos o nosso poder pessoal para o plágio do coletivo no seu pior lado, o lado do avesso. Fazemos arcos e bandeirinhas, distribuímos tapetes vermelhos e diplomas à incompetência e à estultícia como se, dessa forma, fossemos parte desse todo detento pela minoria opulenta, carunchosa e recheada do que condenáramos a vida toda. Cristalizamos o nosso karma, aquele que há-de ser, senão neste futuro comprometido, numa outra encarnação. Como um postulado cheio de bainhas aldrabadas, a nossa voz despe-se de valores morais e virámos a cópia do que não suportamos nos outros que desgovernam a nossa consciência para usufruto da sua glória maldita. Construímos - ou destruímos - desedificando a sociedade altruísta para uma nova meta que nos traz o abismo a que vós chamais de progresso e eu de desumanismo.  




Quando, como, porquê?  Onde já sabemos. Aqui, no Todo, na violência que é filha do egoísmo e da mente provinciana. No despotismo, no capitalismo ou em qualquer ismo que deixou de acrescentar. Os ingredientes que haveis abusado hão-de ser o que nos matará, tendo em conta que não vejo a marcha a ré ser efetuada. Não foi por falta de avisos e nem por falta de precipícios. Fomos todos avisados. Os inconscientes e os ignorantes, estão eles perdoados, necessitam de ter quem fale pela sua voz, para que sigam atrás. As massas cegas e disformes. Mas, e os outros? Não querem vocês procurar dentro o que está errado e não contribui em nada para uma mudança de rumo ou destino ou lá o que vocês aguardam, acreditando ser sucesso? Urge uma reflexão, só que para ontem.

O bicho pega. Já pegou. E o bicho come. Vai comendo, até aos ossos. Acordem o vosso asceta, o vosso guru interno, o farol que vos há-de conduzir a uma meta inclusiva. Em quem pensais? O que pensais?

Acreditais que o mundo social se altera sem que a vossa voz se torne audível? 

Quando se tornar impossível, vos fareis ouvir. Como se ao olhar o vosso umbigo, coubesse o mundo todo. Porque vós sois narciso, aquele que veio idolatrar-se a si mesmo, mas não para construir, senão para a apatia crescente e vigente. A famosa geração dos ativistas de sofá, dos ficcionistas da matrix, dos contempladores de arcas perdidas, num sótão cheio de abutres. 




Raios vos parta a todos que alimentais a corrupção e a vaidade do vosso porão interno. Esquecestes da caverna do Platão? Embrutecidos pelos ismos que viveis, escravos da segurança ilusória e da preguiça mental, escravos da vaidade que vos oprime. Deixem a marca, a vossa marca como merda, num planeta ridicularizado pela falta de expressão e de ação na matéria da vossa vida. Sois o pássaro que escolhe a gaiola, ainda que tenha a porta aberta. Esquecestes de voar com a vossa mente, de sonhar com a vossa criança interna. Não vos quereis destacar pela inteligência, mas pela facilidade, por isso elegeis quem igual a vós é. Os que lá estão, destituídos de princípios são a vossa marca, diferindo apenas na ambição e na ousadia. Porque vós sois cobardes, depositais o vosso medo que eles transformam em laissez faire que o povo é bovino. E arranjais sindicatos para tudo, para a vossa falta de coragem e de desejo de mudança. Sois farelo e bolotas para sereis comidos pela grande máquina que instrui escravos. Que monopoliza. 




Incluir significa contribuir, acrescentar, somar, multiplicar. Porém, a vossa preguiça até de falar vos condena, nos condena. Não viemos ao mundo para sermos iguais, formatados pela máquina do sistema. Nós viemos ao mundo para o tornar num lugar aprazível e prometedor para as gerações vindouras. Não atribuíeis a culpa aos vossos filhos ou aos vossos pais. Todos têm voz, todos fazem parte da equação da inclusão. 

O sistema deve cair. Não se pode sustentar nos moldes atuais. Se escolherdes novamente o mesmo ismo (seja o capitalismo, o comunismo, o fascismo), ireis ter o mesmo resultado. Quereis democracia? Que ela seja de representatividade direta, sujeito por sujeito. Os partidos definham porque os seus membros se digladiam uns com os outros, sequiosos do poder. Cargos de governação exigem responsabilidade, voluntariedade, altruísmo, diferença, seriedade, sentido de dever, entrega, diálogo, transparência, integridade e servilismo. 

Chegados aqui, será necessário desmontar todas as alarvidades tidas como sistema, todas as burocracias que são parte do alimento do sistema. Quebrar tudo. A torre deve cair, para que se construa um sistema real de raiz, que edifique as nossas necessidades de verdadeiro progresso.




A educação necessita grandemente de uma mão segura e cuidadora. Nas crianças, temos o modelo de humanidade. As crianças são criadas na modelagem. Como quereis homens incorruptos se vós achais graça e simpatia ao sistema de cunhas e à competição? As crianças não ouvem o que vós dizeis, fazem o que veem ser feito. Vós sois modelos. Tornai-vos modelos sérios na conduta. E não competitivos, xenófobos, intolerantes, invejosos, vaidosos, preguiçosos. Os professores não devem substituir-se aos pais, que são os primeiros educadores e professores. Exijam dos professores maestria, mas não serventia. 




A saúde é doentia. Que saúde teremos, com a atual vigência, onde os profissionais de saúde que salvam vidas, tenham que salvar-se a si mesmos, lutando contra um governo que lhes retira proteção, que os escraviza com horas extra, que os condena pela negligência que é mais do que resultado da sua benesse. Aos protagonistas de saúde que lhes sejam dadas todas as condições saudáveis para que possam tornar-se melhores e responsáveis pela saúde alheia. 

A justiça é o caminho do meio em todas as frentes. Se possuímos desigualdade, proteção ao crime, corrupção, compadrio, sistema de cunhas, estamos a promover o caminho desvirtuado de uma sociedade, onde o crime compensa e o "salve-se quem puder" será sempre a filosofia adotada. Não há moderação nos opostos ao caminho do meio. Justiça, equidade, equilíbrio e promoção do sistema que serve igualmente a todos impede o desequilíbrio. Os servidores deste caminho necessitam reger-se pelos mesmos princípios dos que servem a governança. 




Uma sociedade justa necessita de, mais do que um aparelho que serve os seus utilizadores, uma casa social que promova e não hostilize os marginalizados. Existem fatias populacionais que são frágeis, vulneráveis e triste é a senda de uma sociedade que não acoita os desfavorecidos e, ao invés disso, promove desigualdades nos apoios, subsidia a distorção e a desigualdade social, promovendo oportunismos, má-fé e mau uso dos recursos. 

As sociedades são organismos vivos, em constante mutação. Tal como a linguagem e os povos que as habitam. Incluir todos os que vivem no seu seio, sejam estrangeiros ou nativos é uma obrigação social. Somos todos estrangeiros num planeta vivo e hospitaleiro. 

Viver numa sociedade e isto é transversal a todas, sejam elas a nacional, a europeia ou qualquer outra, é contribuir para o todo com isenção, responsabilidade e tolerância. Cada sociedade se deve reger pela utilidade e proteção dos cidadãos. As comunidades devem ser arbitrárias, regidas pelo equilíbrio e não pela sistematização de hábitos ou vícios institucionais. 




O trabalho deve ser voluntário e enaltecedor. A agricultura, as indústrias, o turismo, as pescas, as artes devem ser revisadas, atendendo a uma mudança de padrões, por motivos de saúde e de consciência. Os animais não devem ser usados para a nossa alimentação, a sua doação incondicional deve ser respeitada e tida em conta como aprimoramento da espécie a que pertencemos. Só o homem continua a matar pelo prazer, pelo desporto. Todos estes itens não são de somenos importância. Pelo contrário, necessitamos de olhar na lupa cada um destes assuntos, sendo rigorosos e conscientes. 

O que nos resta a nós, enquanto sociedade se enviesarmos ou mantermos o foco inconsciente e sem responsabilização por atos transgressivos e inconsequentes? 

Se nós formos a última espécie inteligente neste planeta, onde vamos buscar instrumentos coerentes e que agreguem senão via diálogo, sem ismos, sem desvios, sem falsas questões?

A humanidade já teve tempo de chegar a todas estas e outras conclusões.

O tempo da infantilização terminou. Gaia não é um infantário humano. O planeta é de todos e não só de alguns. Viemos servir propósitos maiores. Sejamos sérios, humildes e responsáveis. Não há tempo para ser mais nada. Esgotou. Olhem à vossa volta e reflitam nas vossas opções. Não há planeta B. Onde tudo termina e começa. Onde todos os sonhos germinam e se tornam realidade. 





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