November Might Be Mine & Tique

 






(Depreendo que, para alcançarmos os estados virtuosos de olhar para fora e auxiliar no coletivo, necessitamos de períodos isolados dentro da concha do nosso ser, para nos pensarmos, e, aprimorarmos as ditas qualidades que traremos para somar ao todo. Esse é um estágio isolado, independente do ser ao outro? Não vivemos isolados, somos seres sociais. 

O inato e o adquirido são parte da equação. )


Conheci te por dentro e por fora, interatuando com os outros e circunspecto e ensimesmado. Vi-te de um lado e do avesso. 

Depois desta introdução evasiva, (uma espécie de palha para ganhar meios pontos num exame sobre a natureza humana), dizer-te que o que me apaixonou por ti não foi um único defeito ou virtude e sim o conjunto, a gestalt que abraça o todo que és. A abordagem com humor, pleno de sorrisos ao outro, descomprometido da seriedade formal, a ternura dos teus gestos, sem premeditação do depois. Cálido e sereno, e simultaneamente, curioso e gestante, amável e empático, inteligente e abrasivo, pragmático e resiliente, criativo e musical. Forte como essas montanhas que te esculpiram, amistoso e sensual, como uma pantera que brinca com as ervas e se entrega a um pôr do sol, languidamente. 

O teu olhar incisivo e perscrutador, atento aos detalhes, acrescentando rimas ao dia para o tornar mais belo. Líder nato de uma orquestra, homem de mil talentos, conciliador nas intempéries, de uma brutal honestidade e sempre de uma generosidade de ti comovente. Amei-te mesmo quando te ralhei, amei-te, nas minhas desconfianças ao outro, amei-te com alguma resistência, como se pudesses vir a constituir-te num inimigo de quem teria que me defender. Ao contrário da minha pele que nunca pretendeu resistir, do meu corpo que encontrava vida própria no toque do teu olhar, que ardia por te pressentir.

Amei-te com devoção, e nunca me desapaixonei de ti. Nem com adónis e outros apolos, mais belo e gracioso que tu, nunca conheci. Nem nos filmes ou seriados. Aqui, atrevo-me a uma deambulação fantasiosa acerca do Clint Eastwood, que nem ele, nem o seu olhar ou sorriso teve a audácia de suplantar o teu. 

Depois de tantos anos - que são os anos, que é o tempo na avaliação dos afetos, senão um resumir, condensar e encriptar do todo que se faz maior? - continuo deslumbrada, apaixonada e ciente do imenso que continuas a ser em mim e para mim. Esconder ou revelar? Deixar que os sentimentos como águas de um afluente corram, embora nos limites das suas margens, sempre há margens e limites em tudo, obstáculos e desvios, mas dizia eu, deixar que o que sinto por ti siga profundo e com liberdade, sem um destino outro que não seja, devolver a si o que é de si mesmo, até chegar ao mar. E é mesmo aí, nesse grande oceano que já estou aguardando, silenciosamente, expectante, o resultado da simbiose deste ensaio, dos muitos que tenho escrito para ti. 

 Amo-te, oceano imenso. Hoje, sempre, em todas as vidas


Tique




 UM AMOR PROTEGIDO PELA MISSÃO! 

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