O JOGO DE ESPELHOS NO TRABALHO DE GRUPO
Na alquimia coletiva, um grupo teosófico funciona como um “salão de espelhos”. A dinâmica viva das perceções mútuas, declaradas e não declaradas, faz com que cada pessoa encontre aspetos de si mesmo refletidos em todos os outros e veja em si mesmo os reflexos e as influências de seus colegas. O “jogo do espelho” provoca imagens agradáveis e desagradáveis, projetadas com diversos graus de realismo e distorção.
Os erros e acertos do indivíduo são exagerados ou subestimados dependendo das limitações preceptivas de quem os observa. As perceções mútuas também se alteram com o tempo: a admiração pessoal por alguém pode aumentar ou diminuir. A devoção pessoal, as amizades, as antipatias e as resistências são reduzidas ou ampliadas sob a ação do aprendizado.
Um princípio fundamental da ação grupal afirma que quando estou em contato com o que há de melhor em mim mesmo, posso ver mais facilmente o que há de melhor nos outros. E também verei com mais intensidade os erros dos outros. Diante deles, a impessoalidade e a humildade serão a base da moderação e da capacidade de irradiar a paz em condições desafiadoras.
Devemos ser lentos em julgar negativamente as ações dos outros e nunca julgar uma pessoa “definitivamente”. O único tribunal reconhecido na teosofia é o tribunal da consciência individual: cada pessoa deve julgar a si mesma. Ações erradas, porém, devem ser indicadas, evitadas e corrigidas amplamente. Esconder os próprios erros ou os dos outros é desleal à causa comum, e as fraudes “devocionais” devem ser evitadas.
Na interação em grupo, meus erros se refletirão nos erros dos outros e assim poderei corrigi-los, se tiver forte vocação para a vitória e decisão de pagar o preço do aprendizado. O autoaperfeiçoamento exige deixar de lado o orgulho pessoal e outras fontes de sofrimento que parecem agradáveis no curto prazo.
(Carlos Cardoso Aveline)
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