Laura de Jesus
Excessiva II
Quando te amei e me amaste
deixei-te solto, não ficaste,
e meio morto te evaporaste,
depois que partiste, não restaste
fiquei eu, só eu, e agora,
não vês, não cedes,
e neste enredo, inverto os credos,
destruo o medo,
subo paredes, justifico a lua
das tuas ausências
Foi Deus ou o diabo
neste jogo anulado?
E a minha fome
é de quem não mastigou
A sede de quem perdeu oásis
É vertigem, momento, prólogo,
No que te escrevo
vai o acorde de
um orgasmo que já não temos
onde te puno e me excedo
Te invento e prendo
e o meu receio é só esse,
de não mais te alcançar,
que possas ter ido pra sempre
que possas ter permanecido
enquanto castigo, enleio,
E mato-me, morro-te
no solfejo do vento
no intervalo do tempo
entre ontem e os teus lábios,
amor, excedo-me.
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