AUTO-RESPEITO E AUTOCONHECIMENTO
O processo de aprendizagem da teosofia gera uma transmutação psicológica da dor em contentamento e da ignorância em sabedoria. Não basta buscar o mais elevado: é preciso mudar, ao mesmo tempo, o que está na Terra.
Quando surgem obstáculos ao longo do caminho, muitos pensam que o envolvimento mais intenso do peregrino com o esforço teosófico levará a uma maior integração da sua personalidade. O trabalho altruísta tem poder alquímico e dá mais consistência à relação entre os pensamentos, sentimentos e ações do indivíduo.
A ideia está correta na maioria dos casos. Contudo, a psicologia moderna e a teosofia clássica mostram que as exceções são numerosas. Vemos exemplos disso no movimento esotérico do século 21 e dos séculos anteriores. O fato está claramente registado na literatura teosófica.
No carma de alguém, tudo depende de três níveis de motivação enquanto se tenta trilhar o caminho: o nível consciente, o subconsciente e o nível superconsciente. Em cada ser humano existe uma diferença entre a noção profunda de eu ou identidade, por um lado, e o “eu social”, o eu visível, por outro.
Se houver uma grande distância entre o eu interior (subconsciente) e o eu socialmente visível, um envolvimento mais forte com os aspetos externos da causa teosófica pode aumentar, em vez de reduzir, a distância entre as aparências sociais e a realidade interior experienciada.
E isto dificulta o funcionamento do antahkarana. Antahkarana é o contato com a alma espiritual e a fonte de toda legitimidade. Quando há ausência de consistência na relação consigo mesmo, o contraste entre pensamento, sentimento e ação se amplia e pode atingir altos níveis de absurdo.
Como esse problema pode ser evitado?
É preciso avançar suficientemente devagar para que a integração consigo mesmo não corra nenhum perigo. A sensação de paz consigo mesmo deve manter o mesmo nível e se expandir, mesmo que aos poucos. Autorrespeito e autoconhecimento são inseparáveis. É impossível progredir sem eles.
(Carlos Cardoso Aveline)
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Fragmento da revista “The Aquarian Theosophist”, julho de 2022, pp. 3-4. A edição completa pode ser lida aqui: https://www.carloscardosoaveline.com/el-teosofo-acuariano-008-julio-de-2022/
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