A CONSCIÊNCIA ANDINA É NATURALMENTE MÍSTICA

 

Comparado ao típico cidadão ocidental, o homem andino tem a sua consciência mais centrada no hemisfério cerebral direito – que percebe as coisas simultaneamente e por analogia – do que no esquerdo, caracterizado pela lógica linear e operações sequenciais. A consciência andina é naturalmente mística. No Ocidente cristão, Francisco de Assis fez uma oração panteísta no seu famoso “Cântico das Criaturas”, tratando a lua, o sol, o fogo, a terra, a água e o vento como seus irmãos. Da mesma forma, os habitantes tradicionais da cordilheira dos Andes sabem que a energia sagrada está presente em todas as coisas. Para eles, além da Pachamama , a sagrada mãe terra, existe a Pacsamama , a mãe lua; a Coyamama , a mãe do metal; Axomama , a batata-mãe; Saramama , o milho mãe; e Mamacocha , o mar mãe. O homem tem uma atitude de humildade e gratidão em relação a todos os aspectos do meio ambiente.

 

Um detalhe das línguas aimará e quíchua – as duas principais do mundo andino – deixa claro o predomínio do hemisfério cerebral direito e da função intuitiva e não dualística. Em aimará, a palavra pacha significa tempo e lugar. Isto implica que espaço, tempo e lugar são uma unidade indivisível. Em quíchua já existe uma diferença mínima entre lugar ( pach ) e tempo ( pacha ). No Ocidente, sabe-se que espaço e tempo são conceitos inseparáveis ​​quando vistos a partir de níveis mais elevados e abstratos de consciência. Assim, de certa forma, Pachamama não é apenas nossa mãe terra, mas também nossa mãe espaço-tempo, a mãe matéria, Maya , Maria, a virgem primordial que dá nascimento e vida ao mundo físico, segundo a tradição esotérica presente em todas as grandes religiões. “A união do espaço e do tempo na pachamama produz uma sensação de infinito: mostra o seu lado imaterial”, escreve Homer L. Firestone.

(Carlos Cardoso Aveline)

 

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Fragmento do artigo “ La Teosofía de los Andes ”, que pode ser lido aqui: https://www.filosofiaesoterica.com/la-teosofia-de-los-andes/ .