12 de Maio de 2010

 



As deambulações do verbo brincar no passado e no futuro
Os aspetos da evolução não são sempre dramáticos. Os nossos filhos presos a cadeiras giratórias, em frente a écrans lcd (ups, adiante) onde jogos de Fifa's e Metin's Rune Scape e coisas afins se tornam rotineiros, onde do monólogo, só existem diálogos internos e virtuais, a presença física, diária e frequente dos pais na vida dos filhos passou, pra muitos a encontros casuais na hora de jantar, de aspeto positivo o perímetro cefálico e o QI aumentados. Os nossos filhos não jogam à bola, distraídos com as horas do jantar, nem ao pocinho e nem à verdade ou consequência. As verdades deles relativizaram-se, tais como as nossas razões para a ausência. Deixar os filhos entregues a si mesmos nas ruas, nem pensar! Então, metemo-los em colónias de férias, em oficinas de lazer, em campos de férias, em mil atividades "saudáveis" e pagamos para alguém ocupar as crianças que amamos e que não encontramos tempo para.
Recebi por email esta carta-história, mas onde há fumo, há fogo, ou então houve!
Para refletir: Um dia, quando um homem chegou tarde a casa, cansado e irritado após um dia de trabalho, encontrou, esperando por si à porta, o seu filho de 5 anos.
- Papá, posso fazer-te uma pergunta? - Claro que sim. O que é? - Quanto ganhas numa hora? - Isso não é da tua conta. Porque me perguntas isso?! - respondeu o homem, zangado. - Só para saber. Por favor... diz lá... quanto ganhas numa hora? - perguntou novamente o miúdo. - Bom... já que queres tanto saber, ganho 10 euros por hora. - Oh! - suspirou o rapazinho, baixando a cabeça.
Passado um pouco, olhando para cima, perguntou:
- Papá, emprestas-me 5 euros?
O pai, furioso, respondeu:
- Se a razão de tu me teres perguntado isso, foi para me pedires dinheiro para brinquedos caros ou outro disparate qualquer, a resposta é não! E, de castigo, vais já para a cama. Vai pensando no menino egoísta que estás a ser. A minha vida de trabalho é dura demais para eu perder tempo com os teus caprichos! O rapazinho, cabisbaixo, dirigiu-se silenciosamente para o seu quarto e fechou a porta. Sentado na sala, o homem ficou a meditar sobre o comportamento do filho e ainda se irritou mais. Como se atrevia ele a fazer-lhe perguntas daquelas? Como é que, ainda tão novo, já se preocupava em arranjar dinheiro? Passada mais ou menos uma hora, já mais calmo, o homem começou a ficar com remorsos da sua reação. Talvez o filho precisasse mesmo de comprar qualquer coisa com os 5 euros. Afinal, nem era costume o miúdo pedir-lhe dinheiro. Dirigiu-se ao quarto do filho e abriu devagarinho a porta.
- Já estas a dormir? Perguntou.
- Não, papá, ainda estou acordado. - respondeu o miúdo.
- Estive a pensar... Talvez tenha sido severo demais contigo? - disse o pai. Tive um longo e exaustivo dia e acabei por desabafar contigo. Toma lá os 5 euros que me pediste. O rapazinho endireitou-se imediatamente na cama, sorrindo:
- Oh, papá! Obrigado!
E levantando a almofada, pegou num frasco cheio de moedas. O pai, vendo que o rapaz afinal tinha dinheiro, começou novamente a ficar zangado. O filho começou lentamente a contar o dinheiro, até que olhou para o pai.
- Para que queres mais dinheiro se já tens aí esse? - resmungou o pai.
- Porque não tinha o suficiente. Agora já tenho! - respondeu o miúdo.
- Papá, agora já tenho 10 euros! Já posso comprar uma hora do teu tempo, não posso? Por favor, vem uma hora mais cedo amanhã. Gostava tanto de jantar contigo...
Looks like gold to me.
Mr. Ben Harper

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